Em dia de Latada na Universidade da Beira Interior (UBI), a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e o departamento de Gestão e Economia receberam um Workshop intitulado “Empreendedorismo e Capital de Risco”, nascido da cooperação entre a Associação de Investidores de Capital de Risco, vulgo AICR, a Federação Nacional de Business Angels – FNABA e, claro, a UBI.
O passado dia nove, o tempo chuvoso não dava boas perspectivas e as dificuldades dos convidados em chegar ao Pólo Ernesto Cruz confirmaram-no, devido à realização da Latada, uma festa tradicional estudantil. O Bastonário da Ordem dos Economistas, Rui Martinho também não pôde estar presente, pelo que foi substituído por Albino Freire, igualmente membro da Associação Fiscalização da Ordem dos Economistas e, além disso, filiado da AICR covilhanense.
Num tom descontraído começou por afirmar que tem havido uma “actuação muito passiva da fiscalização, quando esta deveria ser mais activa” e deixou a ideia de que “é preciso muita luta quer da parte dos investidores quer dos empreendedores” e disse ainda que “a formação do cidadão empreendedor deve começar nas escolas e acompanhar os jovens até ao ensino superior”.
Os docentes da UBI, Mário Raposo e José Pires Manso – ambos do Departamento de Gestão e Economia – e Rita Salvado, do Departamento de Ciências e Tecnologias Têxteis, foram oradores presentes, que quiseram expor a sua visão da economia e qual o caminho futuro a seguir quando o tema é a recessão económica que o país atravessa.
O Reitor da UBI também fez questão de marcar presença e deixar algumas palavras de apreço pela iniciativa, acreditando que “tem sido dado cada vez mais destaque a esta área na UBI, sendo a criação do Instituto de Investigação uma prova disso”. O objectivo deste tipo de iniciativas é principalmente a “fixação dos graduados desta instituição de ensino na região, na cidade e na Universidade” da qual é o responsável máximo.
Na sua declaração inicial, Paulo Ribeiro, presidente da Associação de Investidores e Capital de Risco, afirmou que a organização coloca capital à disposição do investidor, quando este não tem essa disponibilidade, com o objectivo de ajudar a criar e desenvolver novas empresas. Foi justamente por partilhar esta linha de pensamento com Francisco Banha – presidente da FNABA – que este se pode orgulhar de afirmar a AICR da Covilhã como uma das cinco associações fundadoras dos “Business Angels”.
Francisco Banha acredita que é preciso “mudar os modelos que a economia tem vindo a usar”, assegurando que a solução passa por “criar uma maior ligação entre o saber fazer e a máquina” e deu como exemplo a Petratex, uma empresa reconhecida a nível mundial, que depois de ser reconvertida se tornou novamente competitiva. O presidente da FNABA diz que a sua empresa procura “detectar oportunidades que nascem das necessidades que o homem sente ao longo da vida”.
Por seu lado, Mário Raposo acredita que a chave para o sucesso profissional de qualquer empresa é “a valorização do produto, uma vez que não podemos baixar mais o custo de produção”. O professor Catedrático da UBI afirmou ainda que áreas ligadas à “química, nanotecnologias ou as energias verdes são áreas com excelentes perspectivas de crescimento” e ressalvou a importância que as universidades podem ser “motores na formação e, consequentemente, do desenvolvimento do pais”.
As cerca de 40 pessoas presentes nesta acção de formação assistiram ainda às palestras de José Pires Manso, que vê o “decréscimo da procura interna como uma oportunidade para aumentar a procura externa, assim como o investimento em áreas rurais ou florestais também são possíveis fontes de rendimento se forem exploradas” e de Dina Pereira, membro do recém-criado Instituto Coordenador da Investigação, que salientou cinco casos de investimento nascidos de parcerias com a UBI, como por exemplo o “we-go”, que tem como objectivo aumentar a independência de pessoas com mobilidade reduzida. Além deste projecto, houve também a exposição de alguns projectos produzidos no seio universitário covilhanense por parte de Rita Salvado, do Departamento de Ciências e Tecnologias Têxteis da UBI, e de Rui Pina, do Instituto Politécnico de Viseu.
Como a crise económica acaba por fazer despontar áreas menos desenvolvidas, a procura de trabalho “nas áreas renováveis tem vindo a crescer”, segundo diz Pires Manso, também docente do Instituto Politécnico da Guarda, “o que demonstra uma maior consciencialização da parte do trabalhador/investidor acerca das carências que o país tem”.
A Caixa Geral de Depósitos também não perdeu esta oportunidade de divulgação do papel dos bancos no apoio ao empreendedorismo e enviou Bárbara Diogo, representante do Gabinete de Empresas, que salienta a nova direcção que esta entidade bancária tem vindo a tomar, tal como procurar investir nas pequenas e médias empresas, e reforçar a sua ligação com as instituições de ensino superior. Em jeito de despedida, Francisco Banha ainda revelou o seu interesse em criar uma parceria entre a UBI, que forma jovens empreendedores, e a FNABA como possível investidora.