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O Último Acto sobe ao palco
· quarta, 9 de novembro de 2011 · A Companhia de Teatro de Braga trouxe ao Festival de Teatro da Covilhã uma peça de Anne Langhoff com encenação de Rui Madeira |
Vicente na operação de luz |
21971 visitas No quarto dia do Festival de Teatro da Covilhã, a peça “O Último Acto” surpreendeu os que se deslocaram ao auditório do Teatro das Beiras. Logo no início se percebe que esta é uma peça de teatro fora do vulgar, pois os espectadores estão sentados no palco e os atores dispostos pela plateia. A peça começa com uma música de Alexej Schipenko, que é também autor do texto filosófico “A Arte do Futuro”, inserido em dois momentos na peça de Anne Langhoff. “O Último Acto” pretende mostrar ao público um dos últimos ensaios de uma peça de teatro, em que o encenador recebe a visita do dramaturgo e insiste que este conduza o seu texto. Por sua vez, o texto de Schipenko aborda temáticas como a morte e o medo de morrer. No fundo, a peça tem como objetivo mostrar ao público o lado técnico do teatro e apelar à reflexão acerca do medo de morrer, envolvendo alguns momentos de comédia. Rui Madeira, diretor da Companhia de Teatro de Braga e encenador da peça, explica que esta junção tem como fundamento obrigar o público a pensar nas temáticas propostas por Schipenko, bem como mostrar o outro lado do teatro, isto é, colocar o espectador no lugar do actor. “O espectador de hoje está habituado ao ritmo do dia-a-dia, da televisão, este espectáculo é uma tentativa de romper com isso e reorganizar o tempo teatral”, explica Rui Madeira. O encenador refere ainda que a sua companhia não vem mais vezes à Covilhã porque nem todos os seus espectáculos se adaptam ao auditório do Teatro das Beiras. Relativamente à adesão do público, Rui Madeira mostra-se satisfeito, dizendo que este não é um espectáculo para mais de 80 pessoas, visto que tem características experimentais, obrigando a um controlo por parte dos atores. Com uma plateia maior este controlo poderia ser posto em causa. Maria da Luz Baptista, que assistiu a esta apresentação, refere que não gostou da peça de teatro. “Não é muito o meu estilo, houve umas partes que achei mais ou menos engraçadas. Foi um bocado deitar as coisas cá para fora”, explica a espectadora. Já Carlos Correia sentiu-se agradado com o que viu: “a peça envolve o público, obriga à reflexão, tem presente a ideia de contemporaneidade, o confronto entre o estar e o estado e quebra a barreira entre o público e o ator”, refere. A noite terminou com um concerto de hot jazz, apresentado pelo grupo Django Tributo, oriundo de Évora. O sexteto brindou os espectadores com o seu reportório jazz e gipsy jazz, inspirado no Quintette du Hot Club de France, que inclui temas tocados na cidade de Chicago e no bairro do Harlem em Nova Iorque, bem como temas Django Reinhardt e temas vulgarizados pela cultura musical cigana do leste da Europa. Durante o concerto foram distribuídas castanhas e jeropiga para o público. O convite para a dança surgiu várias vezes, mas só após o intervalo do concerto é que a sala se animou. Mesmo assim, Joaquim Nave, contrabaixista da banda, faz um balanço positivo da noite, mostrando-se agradado com a atitude do público. |
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