Ana Portela, diretora de comunicação da CP, veio falar à televisão estatal, RTP, dentro das “novas” automotoras que operam na linha da Beira Baixa. Equipamentos com várias décadas de utilização foram agora adaptados para transportar passageiros entre Lisboa e a Covilhã.
Para esta responsável, em declarações à RTP, “era uma decisão irracional manter material que tinha uma capacidade de atingir velocidades de 220 quilómetros hora numa linha onde apenas é permitido circular a 120 quilómetros horas”. A substituição das carruagens parece assim dever-se apenas a um factor de “velocidade”. As ligações entre as principais cidades da Beira Baixa (Covilhã, Fundão e Castelo Branco) e a capital do País eram, até agora, vistas pela CP, como ligações de longo curso. Acrescendo a isto o facto de se tratar de um comboio Intercidades, serviço associado a alguns parâmetros de conforto e segurança para os utentes. A isto acresce o facto de ter sido a própria CP a reclamar melhores condições de serviço e maior velocidade do comboio depois de ter investido mais de 50 milhões de euros na eletrificação da Linha da Beira Baixa.
Há pouco mais de dois meses, tudo parece ter ficado esquecido e a empresa tutelada pelo Estado avançou com a decisão de implementar o serviço de automotoras. Para a CP, tal medida é tomada “para defender a sustentabilidade desta linha”. Ana Portela assegura que a solução agora apresentada aos utentes vai criar “uma poupança de 1,5 milhões de euros, dos quais, 400 mil em eletricidade”. Pese embora o facto do preço dos bilhetes se manter como até aqui.
Autarcas e associações locais já classificaram esta medida como “totalmente desadequada”. Os passageiros que viajaram ontem na automotora parecem também não se mostrarem muito agradados com a alteração. O conforto, o espaço a bordo e a falta de uma carruagem-bar são algumas das limitações apontadas pelos utentes. Para os responsáveis da CP, “parece ter sido encontrada uma boa solução, quer em termos de espaço, quer com a disponibilização de máquinas de venda de alguns produtos”.