Os parâmetros estabelecidos pela maior parte das nações do planeta estabelece formas de medição e divisão dos territórios. Contudo, a utilização de diferentes aparelhos e técnicas e ainda, o acesso à mais recente tecnologia, acaba por criar diferenças entre os Estados.
Foi com o objetivo de contribuir para uma atualização de conhecimentos e funções que um grupo de investigadores da Universidade da Beira Interior, pertencentes ao SEGAL se juntaram a um par de docentes do Instituto Geofísico Infante D. Luiz e rumaram a Moçambique. A ligação a este país africano vem de há já várias anos, para os membros da equipa e foi agora reforçada com a iniciativa desenvolvida em solo moçambicano. A trabalharem em estreita colaboração com a Agência para o Mapeamento Nacional de Moçambique CENACARTA, os membros da equipa recolheram vários dados para uma medição precisa do território daquela nação e também para iniciar um estudo de viabilidade para a implementação de sistemas semelhantes aos de posicionamento global, vulgo GPS, utilizados na Europa.
Rui Fernandes, docente do Departamento de Informática e principal responsável pelo SEGAL lembra que este projeto “surge numa estratégica de colaboração que vem sendo mantida com alguns técnicos moçambicanos, nomeadamente com a agência de mapeamento e cartografia daquele país”. Foi nesse sentido que “nos foi conferido apoio para fazermos algumas observações territoriais para diversos estudos e agora surgiu a necessidade de atualização do sistema de mapeamento em Moçambique”. Segundo este especialista, questões desta natureza são de interesse vital para qualquer país.
O desenvolvimento do território, a definição das suas fronteiras e todo um leque de assuntos relacionados com o mapeamento estão pendentes das técnicas utilizadas, do sistema presente e também da aparelhagem eletrónica utilizada para manter os sistemas geodésicos ativos. O docente da UBI sublinha que “este tipo de conhecimentos e aplicações permite especificar a localização de vários pontos, um método necessário para múltiplas situações, como a construção de uma estrada, de uma ponte, de uma qualquer estrutura. Para além disso existem as questões administrativas como os limites do país e das suas regiões. E tudo isso necessidade de estar de acordo com as normas utilizadas noutros territórios”. A equipa portuguesa, liderada por Rui Fernandes, teve como missão realizar um estudo que permita adaptar as coordenadas que atualmente são utilizadas pelos aparelhos instalados em Moçambique e aplicá-las ao sistema de coordenadas utilizado pela maior parte dos países. Fernandes exemplifica que “em Portugal foi implementado um sistema de localização diretamente compatível com o GPS. Neste momento, aquilo que fomos implementar em Moçambique é algo muito semelhante”.
Esta colaboração estreita com as autoridades de Moçambique contou com o apoio do Instituto Geofísico Infante D. Luiz (IDL). A ligação da rede moçambicana a uma rede geodésica oficial deve ser o próximo passo. No âmbito deste trabalho “instalámos já três estações, com fundos de investigação portugueses, que estão continuamente a recolher dados”. Este tipo de trabalho científico é um dos vários realizados no campo de ação do SEGAL. Este laboratório tem uma vasta experiência na aquisição e processamento de observações nesta área para aplicações científicas, ou seja, para o quadro de referência e estudos geodinâmicos. Para além do continente africano, os trabalhos da equipa de Rui Fernandes têm-se desenvolvido pela Europa, América do Sul e Ásia. Atualmente, o SEGAL em uma base diária de dados de mais de 400 estações de referência de funcionamento contínuo, distribuídas por todo o mundo.