“Shaping decision-making behavior by perceiving the dynamic patterns of interpersonal coordination in futsal” é o título da tese de Bruno Travassos. O docente de Ciências do Desporto é o autor da primeira tese de doutoramento sobre o futsal, defendida em Portugal.
Segundo o autor, “este estudo teve como objetivo analisar questões de desporto no futsal, sobretudo como é que os jogadores e as equipas se relacionam entre si no sentido de se atingirem os seus objetivos e daí perceber qual é a informação que guia a ação dos jogadores e das equipas”. Para tal, foram utilizadas algumas situações reais de partidas de futsal e daí se recolheram os dados que agora fundamentam este estudo. Travassos acrescenta que a análise de uma série de situações, “teve em conta níveis mais individuais e mais coletivos e nas formas como os jogadores se relacionam para alcançar os seus objetivos, por exemplo, para realizar um passe ou para intercetar um passe, mas também, como é que as equipas se relacionam entre si, como surgem padrões de coordenação interpessoal que permitem explicar a forma como a equipa defensora se consegue orientar para contrariar o ataque, ou a equipa atacante se posiciona para levar a sua ideia avante”.
Uma tese inovadora que apresenta agora nas suas conclusões, provas sobre “a importância da informação relativa às distâncias interpessoais nos jogadores e às velocidades que estes têm em campo e que se revelam essenciais para as decisões destes”. Para o docente e também treinador, “o comportamento do jogador não pode ser baseado em algo que está pré determinado pelo treinador. O comportamento dos jogadores, em equipa, é influenciado, sobretudo, pelas questões situacionais em que os jogadores procuram perceber e percecionar essa informação espácio-temporal que lhes permita interagir”.
Em termos práticos, as conclusões avançadas pelo estudo “acabam por ser fundamentais porque nos levam a manter um treino não dirigido apenas para ações pré-determinadas que o treinador pretende padronizar, mas sim, um treino em que a representatividade situacional esteja presente e na forma como os jogadores e as equipas se adaptam ao longo do tempo”. Ou fim e ao cabo “é uma forma de criar padrões para a variabilidade e não para a estabilidade”, acrescenta o autor do estudo.
Esta tese teve como júri, Keith Davids, professor da School of Human Movement Studies da University of Queensland; António Jaime Eira Sampaio, professor associado da Faculdade de Motricidade Humana da universidade Técnica de Lisboa; Orlando de Jesus Semedo Mendes Fernandes, professor auxiliar da universidade de Évora; Anna Georgievna Volossovitch, professora auxiliar da Faculdade de Motricidade Humana da universidade Técnica de Lisboa; António Paulo Pereira Ferreira, professor auxiliar da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa e Pedro José Madaleno Passos, professor auxiliar convidado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa.