Miguel Castelo Branco percorre agora os vastos corredores da Faculdade de Ciências da Saúde com uma vontade assinalável de mostrar laboratórios, equipamentos e capacidade de trabalho. Há dez anos nada disto existia, mas os responsáveis pela academia beirã tinham a certeza daquilo que poderia nascer na cidade serrana. Passada uma década do início da formação de médicos na UBI, os responsáveis pela faculdade decidiram assinalar o feito.
O próximo dia 15 de Outubro será dedicado a toda a comunidade que tem vindo a transformar a região “e até o País”, em diversos aspectos. Miguel Castelo Branco, que agora preside à Faculdade de Ciências da Saúde, depois do trabalho realizado ao longo de oito ano por João Queiroz, actual reitor da instituição, pretende assinalar os principais factos que foram conseguidos com a vinda da medicina para o interior de Portugal, mas também com um projecto inovador que começou a ganhar forma ainda junto ao Pólo Principal da UBI, na Fábrica do Moço e depois cresceu para as actuais instalações, junto ao Centro Hospitalar da Cova da Beira.
Ao longo de todo este tempo, a formação de médicos tem sido o principal ponto de relevo assinalado à FCS, mas Miguel Castelo Branco lembra que este aspecto é mais um a juntar-se a um vasto conjunto de factores que pautam a presença da academia na região. “A UBI tem sido um pólo de desenvolvimento de toda a região e tem tido um papel relevante no ensino superior em Portugal”, diz o presidente da FCS. O assinalar dos primeiros dez anos da medicina “é um acto que trata de assinalar a criação de uma faculdade que tem tido um papel extremamente importante no panorama regional e nacional”. À formação junta-se a presença de especialistas de várias áreas, a criação de melhores cuidados de saúde, e também um outro aspecto de não somenos importância, o da investigação.
Por todo o edifício da faculdade cruzam-se laboratórios de ponta. Miguel Castelo Branco, também ele clínico há várias décadas, sabe da importância “de ter onde investigar, onde melhorar os conhecimentos e com isso os cuidados de saúde a prestar às populações”. No mais recente “desafio” da faculdade, a cnadidatura a diversos projectos e a fundos para equipamentos de investigação, a Faculdade de Ciências da saúde conseguiu ganhar um bolo de cerca de nove milhões de euros. Aparelhos de ressonância magnética, microscópios ubifocais, partilham espaços com purificadores de ADN e outros aparelhos destinados à investigação de ponta nos mais diversos campos relacionados com as áreas presentes na faculdade. Desde a medicina à farmácia, passando pela biologia, química, optometria, entre outras, muitas são as investigações a decorrer na academia que há dez anos via surgir o curso de medicina.
Os recursos humanos, os equipamentos, a investigação, “são também disponibilizados para toda a comunidade”. A estreita ligação aos centros hospitalares, às populações, organismos sociais, empresas, à comunidade em geral, é um ponto diversas vezes aflorado pelo presidente da FCS. Esta é, segundo Miguel Castelo Branco, uma marca da academia.
Para além da formação, que ganhou já reconhecimento nacional, à investigação que tem dado cartas em todo o mundo, a presença da faculdade mudou a face da região e agora do País. A provar isso mesmo vai estar o protocolo de cooperação que será assinado com o Centro Hospitalar de Gaia-Espinho. O clínico lembra que “uma das alterações registadas nos últimos anos foi precisamente o aumento do número de alunos de medicina nas faculdades portuguesas. Com isso houve também a necessidade de alargar o espaço de formação dos nossos alunos e aquilo que se fez foi ultrapassar a região onde nos encontramos e irmos ao encontro de outras entidades. Já se registava um alargamento para Sul com o Centro Hospitalar do Médio Tejo e agora surgiu a oportunidade de nos ligarmos a uma entidade mais a Norte”. Contudo “tenho de sublinhar que vamos continuar a apoiar essencialmente os hospitais da região. Estas entidades são prioritárias para a nossa intervenção sob o ponto de vista de estágio. Mas também nos interessa manter a qualidade de ensino e promover mais parcerias e então é importante criar esta rede hospitalar”, acrescenta. A partir do próximo ano, os médicos formados na UBI vão assim poder realizar o seu estágio também no centro hospitalar localizado no Norte do País.
No que respeita às cerimónias de 15 de Outubro, José Eduardo cavaco, docente da FCS, explica que “o programa resultou de uma consulta alargada a toda a comunidade e a todos os que vivem diariamente na faculdade”. As comemorações passam por ser lembranças dos períodos marcantes desta primeira década de vida da faculdade, daí que a partir das 10 horas decorra a inauguração de uma exposição fotográfica, uma mostra de filatelia sobre medicina e também exibição de filmes e uma fotobiografia sobre a faculdade. Pelas 15 horas, João Queiroz, reitor da UBI, preside a uma sessão solene onde vão marcar presença membros do Governo e também da direcção da faculdade.