Urbi@Orbi – Balanço geral da presença na Finlândia.
Arménio Coelho – Pode dizer-se que foi um balanço positivo, mas como não se atingiu o objectivo final, a nossa presença ficou aquém daquilo que estávamos à espera.
Urbi@Orbi – Mas este segundo lugar no campeonato europeu representa a vitória sobre um considerável número de equipas de referência e uma superioridade da formação ubiana, ou não tem a mesma leitura?
Arménio Coelho – A presença, como disse, foi satisfatória, mas a ideia inicial era a de revalidar o título para Portugal e ganhar um título europeu para a UBI. Não conseguimos mas fizemos bons jogos e bons resultados sim, como é o exemplo da vitória por 6-2 frente à Académica de Coimbra. Esse penso ter sido o resultado mais bem conseguido, até porque, foi das poucas equipas que jogava mesmo futsal.
Urbi@Orbi – Na primeira fase do campeonato os jogos, quando empatados em tempo regulamentar, acabavam por ser resolvidos por grandes penalidades. Isso criou algumas injustiças?
Arménio Coelho – Efectivamente, ao longo do torneio, apenas perdemos um jogo, que foi o da final. Isto porque, durante a competição houve esse critério em que, caso as partidas ficassem empatadas no tempo regulamentar seriam resolvidas por um critério de desempate de grandes penalidades. Curiosamente, no jogo em que isso nos aconteceu, frente a uma equipa de França, a situação tornou-se de tal forma caricata que chegámos a marcar 11 penalidades e parecia não haver maneira de se desempatar esse jogo. São situações injustas, mas que tivemos de conviver com elas e em nada condicionaram a prestação seguinte da formação.
Urbi@Orbi – A chegada a este patamar de competição e a conquista de resultados são as provas de um trabalho feito desde há vários anos, ou foi um projecto que amadureceu mais este ano?
Arménio Coelho – Este ano tivemos a sorte de poder contar com um grupo de novas jogadoras que jogam em futsal e que têm condições para fazer parte desta equipa e isso fez toda a diferença. Em anos anteriores tivemos bons grupos de jogadoras e boas equipas, mas o que levou aos sucessos deste ano foi precisamente a capacidade de rotatividade de pessoas com qualidade e que já tivessem experiência no futsal.
Urbi@Orbi – Esses factores abrem novas perspectivas de trabalho, ou seja, a capacidade de aprofundar um trabalho e pretender chegar ainda mais longe?
Arménio Coelho – Neste momento estamos a aguardar uma reunião de trabalho para fazer um balanço desta jornada. Nesse encontro devemos ver o que correu bem e o que correu mal e depois perspectivar o futuro. Mas, neste momento, ainda é prematura avançar com o que quer que seja pois não sabemos de que forma as coisas vão continuar.
Urbi@Orbi – E em relação ao treinador? O seu trabalho foi elogiado na Finlândia e agora também no regresso a Portugal, quais os projectos futuros?
Arménio Coelho – Os elogios e as vitórias morais para mim não me servem de nada. Neste caso, fomos à Finlândia para ganhar o torneio, não conseguimos e senti isso como uma desilusão enorme, como ex-aluno da UBI, como treinador desta equipa, como um já quase beirão. Gostava muito de ter trazido o primeiro título europeu para a Beira Interior. Espero ter novamente essa oportunidade, mas de qualquer forma estou muito satisfeito com o grupo de trabalho. Como treinador, é crescer e aprender cada vez mais e continuar esta paixão.
Urbi@Orbi – E a modalidade em si, acha que começa agora a ser mais divulgada, quer no meio académico, quer nos clubes e associações regionais?
Arménio Coelho – A nível nacional, o futsal feminino ainda carece muito de divulgação. É uma modalidade que ainda carece muito de reconhecimento por parte das instâncias devidas. Não sei se um campeonato nacional seria uma possibilidade válida. Isto requer mais praticantes, apesar de neste momento existir já um número significativo de atletas. Mas por parte de quem manda deve existir um maior cuidado para se articular os modelos, para se planearem as competições, em suma, ir ao encontro da realidade.
No interior temos um défice muito grande de equipas, mas noutros distritos existe muita prática de futsal e um número considerável de equipas, pelo que se deveria pensar a modalidade de uma outra maneira.