Os homens da Tavira Prio conseguiram a melhor estratégia para esta edição da volta, ao apostar forte nas etapas que foram disputadas na Beira Interior. Foi no contra-relógio disputado entre o Sabugal e a Guarda que Ricardo Mestre começou a desenhar o caminho para a vitória nesta prova.
Um ritmo impressionante foi imposto pelo corredor algarvio que percorreu os cerca de 35 quilómetros do percurso em pouco mais de 46 minutos. Mestre deixou a concorrência mais directa a cerca de um minuto de distância. O contra-relógio foi assim o momento do homem do Tavira vestir a amarela que carregaria até ao final da Volta.
Volta que teve na etapa rainha da subida ao alto da Torre um dos mais complicados percursos dos últimos anos. Os ciclistas partiram de Seia para percorrerem um total de 184 quilómetros. Várias metas volantes e prémios de montanha marcaram o trajecto daquela que foi considerada por muitos como a mais dura etapa das provas da Volta. Subida para o alto das Pedras Lavradas, descida para Tortosendo e chegada à Covilhã onde os corredores enfrentaram, depois de um interregno de vários anos, a subida até às Penhas da Saúde, a começar na “cidade neve”. Nesta fase da prova, o pelotão sofreu a primeira quebra com um grupo de 15 homens a destacarem-se de tal modo que a vantagem acabaria por atingir os seis minutos. Mas era também nesta fase que os directores técnicos lembravam aos seus atletas do muito chão que ainda havia por pedalar.
Depois da passagem pelas Penhas da Saúde, a caravana rumou a Manteigas de onde encetou nova subida, desta vez até às Penhas Douradas. Momento aproveitado pelo pelotão, onde seguia Ricardo Mestre, para atenuar a vantagem do grupo fugitivo. A distância percorrida até Gouveia e Seia acabou por ditar o fim da fuga. A subida ao alto da Torre, feita pelo Sabugueiro e Lagoa Comprida veio confirmar o bom momento de forma de Mestre e de toda a equipa da Prio. André Cardoso, colega de equipa de Mestre acabaria por se sagrar vencedor desta etapa rainha. O vencedor da Volta a Portugal chegaria três segundos depois.
Com a forte prestação nestas duas etapas, Mestre acabou por “arrumar” as contas da Volta. A vantagem nestes dois momentos foi tal que o ciclista algarvio acabou por não ter novos desafios até Lisboa, onde na passada segunda-feira se sagrou vencedor da volta.