Ao longo de vários anos Marisa Dinis de Almeida, docente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da UBI, foi desenvolvendo um trabalho de investigação no âmbito das misturas betuminosas recicladas para pavimentação rodoviária produzidas a uma temperatura temperada (entre os 100 e os 140 ºC). O objectivo principal deste trabalho, agora descrito na tese de doutoramento da docente, passava por desenvolver um método de formulação para estas misturas betuminosas e caracterizar o desempenho das mesmas. Para isso foi desenvolvido um extenso trabalho nos laboratórios do Departamento de Engenharia Civil da UBI com a colaboração do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Esta técnica consiste em reaproveitar o pavimento betuminoso degradado das estradas, através da fresagem do mesmo e posterior incorporação em misturas novas. As misturas betuminosas recuperadas depois de fresadas são levadas para a central betuminosa onde são aquecidas a 140 ºC sendo adicionada a emulsão betuminosa à temperatura ambiente.
Marisa Dinis de Almeida, autora da tese de doutoramento intitulada “Caracterização e formulação de misturas betuminosas recicladas temperadas em central” apresentou agora os resultados deste trabalho de investigação. Segundo a docente, “a reciclagem de pavimentos há já alguns anos que é utilizada em muitos países, no entanto, devido a questões quer económicas quer ambientais têm vindo a desenvolver-se várias técnicas de reciclagem a temperaturas semi-temperadas e temperadas. A reciclagem a quente normalmente é feita a cerca de 180 ºC e no estudo agora apresentado, a temperatura de produção das misturas é feita a 100 - 110 ºC. Assim existe uma redução significativa ao nível do consumo de energia e dos custos de produção. A isto acresce também um ganho na qualidade e desempenho final da mistura, quando comparada com a reciclagem a frio”.
A investigadora lembra que este tipo de técnica já está a ser utilizado em Portugal. O caso concreto que serviu de base a este estudo, tratou-se da obra de reabilitação da Estrada Nacional 244 entre Ponte de Sôr e Gavião. “Com esta nova técnica, as características da mistura betuminosa logo após a aplicação são muito semelhantes a uma mistura a quente, não necessitando do período de cura de 3 meses necessário às misturas recicladas a frio”. O acompanhamento desta obra juntamente com todo o trabalho experimental que foi efectuado permitiu retirar conclusões acerca do comportamento destas misturas, destacando-se a resistência à fadiga, que se apresenta muito similar ao das misturas a quente. O presente trabalho de investigação permitiu concluir ainda que as misturas betuminosas recicladas temperadas com emulsão apresentam-se como uma alternativa válida na reabilitação de pavimentos rodoviários.
As provas de doutoramento, que marcaram também o final desta investigação e a divulgação da mesma tiveram como júri, Maria de Lurdes Baptista da Costa Antunes, investigadora coordenadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, João Paulo de Castro Gomes, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, Paulo Eduardo Maia de Carvalho, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior, Joel Ricardo Martins Oliveira, professor auxiliar da Universidade do Minho, Fátima Alexandra Barata Antunes Batista, investigadora auxiliar do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e Rui Alexandre Lopes Baltazar Micaelo, professor auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade nova de Lisboa.