No primeiro dia em que o comboio chegou à Covilhã com a linha electrificada desde a capital não houve lugar a festejos. Esta alteração era há tanto esperada pelos utentes que a única nota positiva foi mesmo o avanço conseguido no tempo de chegada. As viagens entre a Covilhã e a capital, de comboio, fazem-se agora com um ganho de cerca de 20 minutos.
Depois de um investimento de cerca de cem milhões de euros, segundo a Refer, está concluída a modernização do troço Castelo Branco – Vale de Prazeres – Covilhã e início da exploração ferroviária com tracção eléctrica. Nas informações avançadas pela empresa gestora dos caminhos-de-ferro esclarece que foram actualizados 71 quilómetros de via. Intervenções que passaram pela “rectificação do traçado existente para permitir a homogeneização de velocidades para patamares que admitem a circulação de comboios convencionais a 120 km/h e pendulares a 140 km/h”. A isto se juntou a “alteração do layout, remodelação e beneficiação das estações de Vale de Prazeres, Fundão, Covilhã e do apeadeiro de Tortosendo, construção de atravessamentos desnivelados para acesso entre plataformas e atravessamento da via-férrea, construção de seis passagens desniveladas e restabelecimentos de acesso com supressão de nove passagens de nível, estabilização de taludes e melhoria das condições de drenagem da plataforma da via, reabilitação dos túneis de Fatela/Penamacor e da Gardunha”, e claro, a electrificação do traçado. Melhorias que contam também com a instalação de novos sistemas de sinalização electrónica e de controlo de velocidade.
Para os autarcas locais e diversas forças políticas, bem como outras instituições, o montante agora gasto nesta intervenção não deve servir para justificar qualquer falta de aposta na ferrovia. As autarquias da Covilhã e Fundão mostraram-se já contra o possível encerramento da ligação até à Guarda e esperam que também este troço seja intervencionado, passando a estar electrificado.
Nesta matéria, os deputados do Partido Comunista Português, na Assembleia da República, enviaram recentemente duas questões ao Ministro da Economia e Emprego sobre o eventual encerramento do troço Covilhã – Guarda. Recorde-se que desde Fevereiro de 2009, o troço entre Covilhã e Guarda encontra-se encerrado para manutenção ficando as ligações apenas remetidas a uma automotora.
“O eventual encerramento definitivo do troço entre a Covilhã e a Guarda, representaria o isolamento das diversas localidades”, pode ler-se no documento enviado à tutela. A confirmar-se esta medida “penalizaria o desenvolvimento económico desta região”, dizem os comunistas. E acrescentam: “estaríamos em presença de uma manifesto atentado contra o desenvolvimento do interior do país e de um agravamento das condições de vida das populações”. Em comunicado os comunistas referem que é urgente clarificar o encerramento de 800 quilómetros de caminho-de-ferro e a continuação de investimentos neste troço.