Formar recursos humanos qualificados com conhecimentos de base de carácter químico e biológico úteis para se inserir no mundo do trabalho em áreas onde é necessária uma familiarização com o método científico, capacidade de aplicação de métodos e técnicas inovadoras e o uso de instrumentação mais complexa é o objectivo central do novo curso da UBI.
José Albertino Figueiredo, director desta nova formação explica que a ideia de trazer para a academia beirã esta nova área começou a surgir há vários meses. O docente do Departamento de Química da UBI refere que “a química medicinal é um curso em que se integram três áreas, a química, a bioquímica e a farmácia. Esta é uma formação que já existe em toda a Europa, mas em Portugal apenas é ministrado numa universidade, passando agora a Universidade da Beira Interior a ser a segunda academia a leccioná-lo”. Um curso que visa servir um nicho de mercado para pessoas que podem trabalhar na área de farmácia, “numa perspectiva de indústria farmacêutica e não na tradicional farmácia de atendimento público”, acrescenta o responsável. Os licenciados nesta área vão dar apoio aos farmacêuticos uma vez que acabam por ter mais conhecimentos nas áreas de química orgânica. “Vamos colocar estes licenciados a ajudarem a compreender certos mecanismos que os farmacêuticos poderão não estar aptos para o fazer”, reitera o director do curso.
Esta licenciatura, que abriu 30 vagas, permitirá desenvolver os conhecimentos de química, bioquímica e de biologia para perceber as estruturas das moléculas base de medicamentos, analisar os seus efeitos sobre os vários organismos e a sua capacidade para combater uma determinada doença. Para esta aprendizagem será necessário recorrer a conceitos de bioquímica e química farmacêutica, incluindo a farmacologia, toxicologia e imunologia. A modelização molecular utilizando métodos computacionais será também aplicada para se compreender e explorar novos tópicos na área médica, tendo em conta os tipos de doença e seus efeitos a nível celular.
A ideia passa também por uma estreita colaboração, dentro da universidade, entre as várias áreas científicas que a compõem. Nesse campo, os responsáveis lembram que esta licenciatura resulta de uma interligação entre as Faculdades de Ciências e a Faculdade de Ciências de Saúde dando um incremento na cooperação existente e permitindo aos estudantes um enquadramento das unidades curriculares leccionadas com a área da saúde. No final do curso, todo este projecto terá envolvido as três principais áreas que o compõem. “Aqui há também a englobar a medicina, porque é uma ciência que vamos trabalhar de perto. A ideia passa por criar compostos que depois serão aplicados na área da medicina, daí o curso se denominar de Química Medicinal. A ideia passa um pouco por conseguirmos fazer isto e testar estes compostos dentro da universidade”, diz José Albertino Figueiredo.
As unidades curriculares mais básicas são ministradas no Departamento de Química, depois as unidades mais específicas vão ser dadas na Faculdade de Ciências da Saúde e os trabalhos de investigação serão em conjunto com estas duas entidades. Quanto às saídas profissionais, do vasto de possibilidades, os responsáveis apontam apenas alguns exemplos, como a indústria farmacêutica, que será o maior empregador para os licenciados deste curso que poderão fazer parte de equipas multidisciplinares para a criação e adaptação de novos fármacos. Os licenciados poderão ser integrados em laboratórios de investigação e empresas de desenvolvimento de produtos para a indústria farmacêutica para participarem na preparação de novos produtos biologicamente activos.