Fernanda Maria Alves Fernandes de Sousa Bertinetti é a autora de uma tese de doutoramento, na área das Letras, que traça as linhas mestras das políticas de ensino do português, aplicadas pelos diversos responsáveis políticos. “Diversidade de contextos na aquisição linguística e no ensino do português língua segunda e língua estrangeira” é o título de um trabalho académico que defende uma maior articulação das linhas orientadoras do ensino quer do português, quer do ensino bilingue.
A autora do trabalho apresentado na passada semana na Universidade da Beira Interior sublinha que “as principais conclusões do estudo prendem-se com as políticas de língua fragmentadas e o facto de nem sempre haver articulação entre os diversos temas educativos, mesmo nos casos em que é necessária essa articulação, no caso do ensino bilingue”. Para além destes aspectos, um dos pontos focados por Fernanda Bertinetti é o da cultura. Para esta antiga professora, “a abrangência da componente cultural é sempre uma parte muito activa e interdisciplinar e que habitualmente tem sido relegada para segundo plano e que tem de ser colocada em primeiro plano em todos os seus aspectos”.
Um trabalho inédito também no que diz respeito às políticas de ensino da língua lusa no estrangeiro. A autora da tese quis demonstrar “a necessidade das políticas de língua para o ensino do português no estrangeiro, que têm apresentado declarações de intenções e tendo em conta que o ensino do português se destina à comunidade portuguesa no estrangeiro há sempre a intenção de referir o interesse e a importância da cultura portuguesa, depois não têm concretização em termos curriculares ou em propostas válidas direccionadas para o ensino e aprendizagem do português”. Uma temática em que se incorre sempre em generalizações porque, segundo Fernanda Bertinetti, “no âmbito do ensino do português enquanto língua não materna já temos docentes motivados com uma formação científica e pedagógica de qualidade e já há projectos de ensino muito interessantes no terreno, no entanto ainda há um trabalho essencial de formação contínua de professores”.
O júri da tese foi constituído por Maria Teresa Rijo da Fonseca Lino, professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, António dos Santos Pereira, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, Maria Helena Serra Ferreira Ançã, professora associada da Universidade de Aveiro, Paulo José Tente da Rocha Santos Osório, professor associado da Universidade da Beira Interior, Maria José dos Reis Grosso, professora auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, António Carlos da Luz Correia, professor auxiliar do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.