A necessidade de compreender uma grande obra não só pelas construções principais, mas também por toda a sua envolvente, foi a tese defendida por Alberto Simões. Um estudo apresentado na Universidade da Beira Interior e que conta com a análise de diversas praças portuguesas, entre elas, a Praça do Município, na Covilhã, mas também, em Santarém e Alcobaça. Simões começa por explicar que “este foi um estudo sobre o contexto do património arquitectónico, isto é, quando se visita a Torre de Belém ou o Mosteiro dos Jerónimos, fica-se agradado com a existência de um jardim ou de outro espaço próximo do motivo central que nos levou a essa visita. O mesmo aconteceu quando se está na praça do município, na Covilhã, e toda a sua envolvente”. Nesse sentido, o autor acrescenta que “um dos exemplos dessas áreas de contexto dos monumentos é o caso da Covilhã, onde a principal praça da cidade contextualiza o edifício autárquico, o Teatro Cine, as instalações da PT e as da Caixa Geral de Depósitos num espaço único”.
Aquilo que o autor defende neste trabalho “é a necessidade de estudo destas áreas e a sua regulamentação e sobretudo, passem a ser geridas pelas câmaras municipais, pois é este o sentido que aponta a legislação portuguesa e é nesse sentido que este estudo direcciona para que as câmaras municipais, que têm de fazer planos e projectos para estas áreas, possam ter instrumentos para os realizar”.
No caso concreto da praça da Covilhã, “na minha tese acabei por fazer um apelo profundo à sua conservação, até porque se trata de uma das melhores praças produzidas durante os anos 50 do século passado. Esta praça guarda em si um período muito marcante da nossa construção”. Já no que diz respeito à conservação do património arquitectónico, em geral “devo dizer que o meu estudo abordou essa temática e acabei por chegar à conclusão que estamos numa posição relevante. Ao contrário do que muitas vezes é dito, Portugal não está tão mal como outros países, nesse aspecto. Aquilo que não existe, nem em Portugal, nem noutro qualquer país do mundo, é dinheiro suficiente para preservar e recuperar todo o património, o que leva a que sejam feitas opções”, sublinha Alberto Simões.