[Notícia alterada e corrigida a 23/04/2011: 21.47h]
Terça-feira, 20 de Novembro de 2001. O salão nobre da Câmara da Covilhã enche-se de gente curiosa que quer tomar conta de uma estrutura da maior importância para o desenvolvimento da região e do País, dizem os membros sociais democratas que dirigem a edilidade. Carlos Pinto, que dez anos depois continua na liderança do município serrano, dizia mesmo que a construção de um aeroporto na cidade visava “dotar o País de um projecto de grande lógica estrutural”. Palavras que parecem ter formulado alguma sina, uma vez que até hoje, uma década depois, não ter passado disso mesmo, de um projecto.
O caso ganha novos desenvolvimentos nos últimos meses com o anúncio da construção do Data Center da Portugal Telecom, na zona do actual aeródromo. A escolha do local, por parte da autarquia, implica a destruição da actual pista. Várias vozes se têm levantado contra esta decisão, nomeadamente pelos responsáveis pelo curso de Aeronáutica da UBI, pelo próprio Aero Clube da Covilhã, entre outros. Contudo, na última semana, a reunião pública do executivo camarário, aprovou a elaboração de um plano de pormenor para a zona. Pedro Silva, vereador e vice-presidente da autarquia, durante o mês de Junho, deixou, ainda assim, a garantia de que se está a trabalhar “no Data Center, a par com uma nova pista do aeroporto”. O autarca eleito nas listas do PSD vai mais longe e explica mesmo que tal facto “faz toda a diferença em termos aeronáuticos” Pois trata-se “da substituição de um aeródromo por aquilo que será o projecto, que já não é de agora, de uma infra-estrutura aeroportuária que responda às necessidades da região”. Silva remata confessando que “o projecto” é uma ambição da câmara “já com vários anos”.
Uma ambição que mereceu apresentação oficial em Novembro de 2001. Na altura, a maqueta e as plantas representavam uma área de implantação de 200 hectares, com uma pista de 1200 metros de comprimento e 30 de largura. Na cerimónia de apresentação, a autarquia serrana garantia mesmo ter já a aprovação do Instituto Nacional de Aviação Civil, para esta ideia. A estrutura a implantar na zona do Terlamonte, para além de ter hangares destinados à UBI e ao aero-clube, contaria ainda com um hotel e uma área residencial de forma a apoiar os voos charter e privados, transitários, e grupagem, entre outros. Há dez anos a autarquia deixava também claro que a pista actual ficaria destinada a actividades lúdicas, como os ultra-leves, prática de pára-quedismo, voos sem motor, escola de pilotagem e voos de recreio, de forma a incentivar e apoiar o Aero Clube da Covilhã. Esta é uma garantia de que "a velha pista não cairá ao abandono, antes servirá de apoio à nova pista", afirmava o então arquitecto do projecto, Matos Gomes.
Dez anos volvidos, a obra que o autarca social-democrata considerava como “essencial”, na medida em que se tratava de “uma infra-estrutura fulcral para o futuro da Covilhã, quer para as áreas económicas quer sociais”, acabou por não sair do papel. Uma das principais questões levantadas por algumas entidades passa agora pela solução a ser encontrada perante o anúncio da construção do Data Center no actual aeródromo. Uma solução que muitos entendem como o fim deste tipo de estruturas na cidade.