É a vez de Castelo Branco receber o Festival Y#09. O festival de artes performativas, promovido pela Quarta Parede, chega à capital de distrito com o espectáculo de rua “Charanga”, da Circolando, no dia 18 de Junho. O evento está agendado para as 21.30 horas, na Alcaçova do Castelo. A 21 de Junho o programa de espectáculos do festival volta à Covilhã, com o evento “Se uma janela se abrisse ”, de Tiago Rodrigues, às 21.30 horas, no Auditório do Teatro das Beiras.
Sobre “Charanga”, a organização do Y#09 diz ser um espectáculo poético e visual que parte de dois objectos simbólicos, a bicicleta e a fanfarra. “Parte das entranhas da terra para desejar os elementos ali ausentes: luz, ar, viagem. Procura a solidão, a nostalgia dos mineiros e inventa para eles um sonho de criança. O espaço de sonho tem a forma de um círculo. Um círculo de terra com uma enigmática peça de ferro ao centro. Antes, houve uma vida dentro da terra fria e longas viagens por estradas sem fim”, descrevem os membros ligados à Quarta Parede.
Esta é uma peça com direcção artística de André Braga e Cláudia Figueiredo, da “Circolando”, uma unidade artística que desenvolve a sua actividade desde 1999. A criação e difusão de espectáculos constituem os objectos nucleares desse projecto, também marcado pela transdisciplinaridade. “Circolando” promoveu já vários espectáculos de rua, em espaços não convencionais, mas todos com o facto de serem itinerantes e compreenderem uma forte difusão internacional. Fora de Portugal, “Circolando” já foi acolhida em Espanha, França, Bélgica, Itália, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Áustria, Eslovénia, Brasil, Coreia do Sul e No que respeita à peça “Se uma janela se abrisse” trata-se de uma leitura dos conteúdos noticiosos que são transmitidos à população. “O que vemos, quando assistimos às notícias, às oito da noite, num canal de televisão? Uma proposta da realidade. Uma empresa de jornalismo diz-nos o que é importante no espaço/tempo de um dia. E diz-nos que aquela é a realidade de que fazemos parte. Uma realidade onde, regra geral, nenhum dos nossos pensamentos ou gestos diários estão registados?”, interroga o autor da performance teatral.
Tiago Rodrigues fez um primeiro esboço deste projecto que apresentou a solo no Teatro Maria Matos, em 2009, com o título “Outro dia”. Recorrendo à “dobragem” de vozes, substituiu as palavras de um telejornal por outras palavras, as suas, na tentativa de contar a história de um outro dia. Esta primeira experiência continua a dar mote para esta nova produção.
Substituir o discurso público pelo íntimo é o ponto de partida de “Se uma janela se abrisse”, um espectáculo que descobre formas alternativas de falar dos factos que são “notícia”. A partir daí, nasce um outro “jornalismo”, à escala humana de um palco, onde um olhar entre dois actores pode ter a mesma importância que o fenómeno do aquecimento global.
O título do espectáculo nasce dos versos de Alberto Caeiro. “Se uma janela se abrisse” foi nomeado para espectáculo do ano de 2010 pela Sociedade Portuguesa de Autores.