Ao longo de um dia, o Anfiteatro da Parada tornou-se um ponto central na discussão da ciência e da investigação nas universidades portuguesas. O segundo UBIScientia acabou por se revelar um momento de discussão e análise do actual estado da produção científica universitária, dos futuros projectos e do financiamento dos mesmos. Tópicos aos quais se juntou a transferência de tecnologia para as empresas e os benefícios da produção académica nos resultados nacionais.
Um encontro que juntou docentes, investigadores, vice-reitores de várias universidades portuguesas, responsáveis pela área da ciência, mas também, membros exteriores à academia, como foi o caso de Maria da Graça Carvalho, membro do Parlamento Europeu. A intervenção da antiga ministra do Ensino Superior foi aliás, um dos momentos desta segunda iniciativa do Instituto Coordenador da Investigação. Maria da Graça Carvalho veio até à “cidade neve” apresentar um quadro de apoios financeiros reservado para projectos de investigação. Segundo a representante do Parlamento Europeu, “até agora existe uma fraca aplicação dos fundos provenientes do Quadro de Referência Estratégica Nacional”. Os números apresentados mostram que “estão cumpridos apenas 27 por cento dos fundos destinados a esta área”. Maria da Graça Carvalho sublinhou a importância das instituições continuarem a apresentar projectos e a intensificarem a sua aposta na investigação.
Ana Paula Duarte, vice-reitora da UBI e responsável pelo ICI, aproveita as ideias deixadas pela antiga ministra precisamente para avançar com novas linhas de financiamento a projectos oriundos da UBI. Segundo a vice-reitora, o programa “Mais Centro” abriu uma linha de financiamento “que irá canalizar cerca de três milhões de euros para a nossa academia”. Neste momento “estamos a organizar dois ou três programas estratégicos para submeter a esses fundo. No aviso de abertura está definido que os projectos a concurso têm de ter unidades de investigação com “Muito Bom” e “Excelente”. Estamos já a reunir com os coordenadores das unidades de investigação da nossa universidade que satisfaçam esse desígnio para termos projectos coerentes, estratégicos e com alguma massa crítica”. Ana Paula Duarte esclarece que nestas iniciativas vão estar em destaque projectos avançados pelo Centro de Investigação de Ciências da Saúde (CICS), pelo Laboratório de Comunicação e Conteúdos Online (LabCom), pelo Aeronautics and Astronautics Research Center (AeroG), pelo Instituto de Telecomunicações (IT) e pelo Instituto de Filosofia Prática (IFP). A vice-reitora fala numa grande interdisciplinaridade, “ou seja, estabelecimento de redes entre si e também, redes com o exterior”, que marcam os projectos em construção.
Esta interligação entre unidades de I&D, academias e empresas parece assim ser tão importante como actividades de análise e discussão de trabalhos como é o UBIScientia. Ana Paula Duarte faz um balanço positivo da segunda edição “onde se discutiram temas muito interessantes no domínio de políticas de investigação, havendo uma troca de ideias extremamente importante, não só para as pessoas que vieram apresentar as suas experiências, como também para o próprio debate entre os vice-reitores para a investigação, das várias universidades”. Contudo, a vice-reitor e coordenadora do ICI lamenta “a fraca participação por parte da academia. Acho que os investigadores deviam ir mais, o que se aprende e discute ali é extremamente importante. Para além disso, não vão os investigadores e não vão os responsáveis pela investigação”.
Para o responsável máximo da instituição, nestes últimos dois anos, “tem-se conseguido, ainda assim, despertar a comunidade para a necessidade de ter cada vez mais dimensão crítica e sermos mais competitivos. Sente-se agora uma maior dinâmica, mais projectos e uma estratégia diferente”, sublinha João Queiroz. O reitor da UBI esclarece ainda que deve ser feito um reforço na tónica “não só do que se faz na academia, mas também no que sai daqui e no que se realiza em parceria com as empresas”.