Entender a importância da educação matemática e do peso da didáctica no ensino desta ciência foram dois objectivos que nortearam os organizadores do I Congresso Ibero-americano de História da Educação Matemática. A iniciativa, que decorreu entre os dias 26 e 29 de Maio, juntou na UBI perto de uma centena de investigadores oriundos de Portugal, Espanha e da América Latina.
Manuel Saraiva, docente no Departamento de Matemática e um dos organizadores deste primeiro congresso, começa por afirmar que “as pessoas presentes no Congresso estão interessadas na matemática e na sua história, mas principalmente na história do ensino daquela disciplina, pois a compreensão do passado permite-nos ver o presente de forma mais esclarecida e projecta-nos no futuro ”.
A exposição que esteve patente no museu, Real Fábrica Veiga, durante o período da realização do congresso, com manuais escolares antigos – alguns com mais de cem anos –, mostra um pouco o tipo de materiais didácticos para a disciplina de Matemática que foram existindo ao longo dos tempos. Saraiva adianta que “o congresso correu bastante bem. Aceitámos o desafio que nos fora colocado pelo grande mentor do evento, o professor José Manuel Matos, FCUNL, tendo formado uma equipa de trabalho constituída por professores do departamento de Matemática, alguns alunos do terceiro ciclo em Didáctica da Matemática, para além do professor José Manuel Matos e do professor António Domingos, ambos da FCUNL. Ao todo, a organização local contou com dez pessoas”. Por parte da nossa academia “tivemos um apoio de 100 por cento, que se materializou por diversas formas e através de muitos órgãos e pessoas, a quem estamos muito gratos, como, por exemplo, na presença do magnífico reitor na sessão de abertura. Estiveram aqui reunidas 88 pessoas, que participaram activamente neste congresso”, diz o docente. As conclusões do congresso irão ser publicadas em actas.
A importância deste tipo de encontros científicos ganha relevância num tempo em que “o ensino da Matemática está, naturalmente, diferente, nomeadamente quanto aos conteúdos ministrados, fruto de muitos factores, como o da evolução da própria matemática, das necessidades e exigências da sociedade e das tecnologias ao dispor das pessoas. Há mais teorias sobre a forma como se aprende e ensina, que têm em conta aspectos cognitivos, sociais, culturais e epistemológicos, não esquecendo, claro, os protagonistas: os alunos e os professores”. Nesse sentido, Saraiva lembra que “a didáctica da matemática preocupa-se bastante com os conteúdos matemáticos a ministrar, mas não só. É preciso saber mais sobre a melhor forma de ensiná-los e de envolver os alunos na sua aprendizagem – para tal espera-se um contributo positivo dos estudiosos da história da educação matemática”. A ligação conseguida entre os participantes leva a admitir a efectivação do segundo congresso em 2013.