Quem passa pela rua D. Nuno Álvares Pereira, na cidade da Covilhã, pode ouvir diversos sons. Piano, viola, violino, guitarra, canto ou simplesmente a agitação de uma escola. É o Orfeão da Covilhã, fundado há cerca de 50 anos. Ao longo de todo o dia, há uma incomensurável agitação na rua e nas instalações da escola. As crianças mais novas, carregadas de instrumentos, são deixadas pelos pais e recebidas pelas afectuosas empregadas sempre com um sorriso, demonstrando um enorme amor pela sua profissão. É incalculável o número de pessoas, entre alunos, pais, professores e funcionários, que ao longo dos anos pisaram diariamente as instalações do Orfeão.
A escola, repleta de recordações daqueles que por lá passaram, guarda nas paredes desenhos das crianças, umas que ainda frequentam as aulas, e outras que outrora lá passam. A cantina, as salas de aula e o recreio fazem lembrar uma escola normal. As salas, já com alguns anos, são o palco para muitos alunos que dão ali os primeiros passos na área da música. O Orfeão recebe estudantes com idades entre os 3 e os 21 anos, que podem aprender qualquer instrumento, canto ou ballet. Uns desejam fazer carreira na área, outros estão lá apenas para tornar útil o seu tempo livre.
Pelos corredores até à sala da direcção, há muita agitação porque é altura de começarem algumas aulas. Os preparativos são muitos e a ansiedade também. Na sala da Direcção, podem vislumbrar-se recordações de outros tempos, desde o coro do Orfeão até às medalhas ganhas ao longo dos anos pela escola.
Rodrigo, Francisca, Bianca e Diogo, representantes do primeiro ao quarto anos, falaram ao Urbi et Orbi sobre as suas experiências no Orfeão, desde as musicais às linguísticas. Rodrigo com apenas 6 anos de idade frequenta o 1º ano no Orfeão, e apesar de gostar de andar na escola de música não gosta muito de cantar nem de tocar instrumentos, gosta mais de jogar futebol, o seu sonho do futuro. Contudo, e apesar de a música não lhe despertar muito interesse, contou que quando toca instrumentos e a seguir vai para as aulas sente-se um pouco mais concentrado.

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Por sua vez, Diogo, aluno do 4º ano, mencionou que a “música é muito importante” e que o ajuda também na concentração para a realização das suas actividades escolares. No entanto, tal como Rodrigo, Diogo não pretende enveredar por uma profissão na área musical. A frequentar o 2º ano, Francisca está a aprender violino e gosta de andar na escola. Segundo a aluna, “no Orfeão aprendem-se coisas muito divertidas, como várias línguas diferentes”. Bianca, também aluna do Orfeão, representa o 3º ano da escola. Toca viola de arco e, tal como a representante do 2º ano, gosta muito de aprender música e também línguas. Diferentemente dos colegas, Bianca não sente nenhuma diferença comportamental ao aprender música.
Estes quatro alunos são apenas uma amostra dos cerca de 500 que frequentam as variadas aulas no Orfeão da Covilhã, onde aprendem, além da música várias línguas, bem como a crescerem como pessoas, através do sentido de responsabilidade que lhes é incutido nesta escola. Segundo Rogério Peixinho, director do orfeão, “com a música, as crianças desde cedo aprendem que têm de estudar todos os dias, e que têm de desenvolver um trabalho regular para atingir alguns objectivos que são impossíveis de atingir se não houver um trabalho contínuo".
Aprender música é muito mais para além da música. Não é preciso gostar de música. É preciso ter vontade de aprender coisas novas e abrir novos horizontes para a evolução das crianças.