No âmbito do ciclo de conferências organizado pelo NECPRI, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas recebeu na passada segunda-feira Paulo Borges, responsável do PAN – Partido pelos Animais e Natureza. A conferência contou igualmente com a participação do Professor David G. Santos, e do responsável pelo núcleo de CPRI, Jérémy Jerónimo.
“A ideia deste partido é a de ser um partido inteiro, pelo bem de tudo e de todos. Isto está claramente consagrado na própria sigla. ‘Pan’ é uma palavra grega que quer dizer tudo ou todo.” Assim começou a conferência. Durante mais de duas horas Paulo Borges falou acerca das motivações ideológicas que levaram à constituição do PAN e introduziu em debate questões de dimensão social, económica, cultural e filosófica.Centrando-se no que chamou ser de “orientação antropocêntrica da civilização”, o responsável pelo PAN defendeu que o novo partido tem como objectivo combater essa orientação que considerou “limitada e prejudicial a todos os seres vivos”. 
O orador defendeu ainda que a necessidade de “reduzir o fosso criado por esta concepção centrada no homem”, aproximando os animais não humanos dos humanos, seria uma forma de resolver a problemática da fome no mundo. “O que se produz para alimentar o gado em unidades de pecuária intensiva daria para alimentar directamente dois mil milhões de pessoas. Gastam-se actualmente 15.000 litros de água para produzir um quilograma de carne e setenta por cento dos terrenos aráveis do planeta são destinados à produção de leguminosas para alimentar o gado.”
Paulo Borges recusou a ideia de que o partido negligencia questões “menos ideológicas”, falando do seu programa eleitoral e das propostas que apresenta relacionadas com o ensino, com a sustentabilidade do país e questões de empreendedorismo. “Quem está neste partido e as pessoas que se dedicam a estas questões de ética animal e se preocupam com o impacto do consumo de carne industrial não são somente as pessoas sentimentais, que se preocupam só com animais. São pessoas com preocupações fundamentalmente humanitárias”. No final da conferência houve ainda tempo para uma breve sessão de questões ao orador colocadas por vários estudantes e professores presentes na iniciativa organizada pelo Núcleo de CPRI.