Urbi et Orbi – Portugal atravessa uma crise económica, social e política. De que modo é que as eleições do dia 5 de Junho poderão ser importantes para o futuro do País?
João Soares - Portugal, como aliás a Europa e o Mundo, enfrentam a maior crise económica e financeira desde 1929. As eleições do próximo dia 5 de Junho são importantíssimas para definir quem liderará o próximo Governo e quem irá definir as políticas e prioridades para o nosso País. E para mim, a opção é clara. Ou a experiência, a capacidade de resistência e o prestígio internacional do Partido Socialista e de José Sócrates, ou a imaturidade, inconsciência e irresponsabilidade do PSD.
Urbi - Como viu o facto da oposição ter chumbado o PEC4, levando o País a um cenário de eleições antecipadas?
JS – Eu vi este facto como uma prova clara da falta de sentido de responsabilidade pelo futuro do País por parte da actual direcção do PSD. A esta decisão que se juntou, claro, a esquerda radical, que com esta atitude levaram o país a um cenário de eleições antecipadas e de alguma instabilidade a nível político.
Urbi - Se o Partido Socialista vencer as eleições sem maioria absoluta poderá procurar acordos com outros partidos políticos?
JS - Mesmo se ganhar com maioria absoluta o Partido Socialista deverá procurar entendimentos com os outros partidos com representação parlamentar. Portugal precisa de um Governo que assegure estabilidade política, e sobretudo determinação, para fazer frente às dificuldades que o país atravessa, e o diálogo entre todos será importante para o futuro de Portugal.
Urbi - Como vê a chegada de ajuda externa depois do Governo ter tentado evitar a vinda do FMI para Portugal?
JS - Como mais uma prova da imaturidade e irresponsabilidade do PSD e da esquerda radical. O Governo negociou com firmeza com a troika na defesa do interesse nacional. O PSD foi obrigado a aceitar à posteriori o que tinha recusado no PEC4. Se o PSD tem sido responsável Portugal tinha evitado uma crise política, pois as medidas do PEC 4 estão no pacote de medidas de austeridade do FMI.
Urbi - Como viu o afastamento de alguns partidos políticos das negociações com a Troika?
JS - Como mais uma prova do radicalismo de uma certa “esquerda” em Portugal. E também como confissão de irrelevância política na defesa do interesse nacional, como já tive oportunidade de referir nesta entrevista. Atitudes que não abonam a favor de Portugal.
Urbi - Como é sabido, irá ser cabeça de lista pelo PS no Distrito de Faro. Quais os objectivos que traça para a próxima legislatura?
JS – Irei trabalhar como sempre em prol do interesse nacional e, no caso, muito em particular do Algarve. Bater-me-ei, como sempre me bati, por um Portugal sustentadamente desenvolvido. Tenho também como objectivo ajudar a qualificar os portugueses, o território, a administração pública do nosso país.
Urbi - O Partido Socialista saiu fortalecido com o congresso realizado o mês passado em Matosinhos e com a reeleição de José Sócrates com uma grande unanimidade de votos?
JS - O Partido Socialista está unido, empenhado no combate político pelo interesse nacional, e a questão da iderança foi, como sempre no Partido Socialista, democraticamente resolvida pelo voto dos militantes, e foi isso que todos puderam comprovar no congresso realizado no mês passado em Matosinhos.
Urbi - Como membro do PS, como encara a entrada de Fernando Nobre nas listas do PSD como cabeça de lista por Lisboa? Acredita que houve algum contacto do PS a Fernando Nobre como foi especulado em alguns órgãos de comunicação social?
JS - O convite a Fernando Nobre para as listas do PSD é legítimo, como é óbvio. Ser cabeça de lista por Lisboa já é um pouco mais estranho, mas o problema é do PSD e eu não sou, nem serei nunca, do PSD, por isso não tenho nada que ver com o caso. O convite para Presidente da Assembleia da República é mais que estranho, é esdrúxulo no plano democrático. Esta é mais uma prova de irresponsabilidade do PSD.
Urbi - Como vê o futuro económico e político do país nos próximos anos?
JS – Prevejo um futuro difícil. Precisamos de trabalhar mais, produzir mais, inovar mais, e assegurar uma melhor, muito melhor e mais solidária, repartição da riqueza. Só com o Partido Socialista isso será possível, e é isso que os portugueses têm que decidir no próximo dia cinco de Junho.