Nick Holland veio até à Covilhã para avaliar mais de cem propostas para produtos da Vista Alegre. O principal responsável pelo desenvolvimento de novos conceitos desta marca de porcelanas portuguesa gostou do que viu e promete voltar. A proposta de trazer até à academia um dos representantes da indústria partiu dos docentes que leccionam cadeiras como Design do Produto, na licenciatura em Design Industrial.
Depois de ter ministrado uma palestra na academia, Nick Holland lançou o desafio aos alunos para desenvolver produtos de mesa, decorativos e outros. No regresso à UBI, analisou as propostas “do ponto de vista da indústria”. Este foi, aliás, uma das preocupações fundamentais dos responsáveis por aquele curso, em trazer até à universidade um elemento ligado às empresas. Para o designer, esta ligação só pode dar bons resultados. “Penso que com estas actividades ambas as partes têm a ganhar. Nós somos uma empresa internacional e temos uma equipa de design muito boa, mas temos sempre o espírito aberto a ideias externas e outras propostas. Trabalhamos com designers de vários países, Alemanha, França, Espanha, Inglaterra, entre outros, e queremos agora ter também a contribuição portuguesa”, começa por dizer Nick Holland. Durante a apresentação dos conceitos e avaliação dos mesmos, foram sendo dadas algumas direcções criativas com a finalidade de melhorar propostas viáveis de serem produzidas, ou emendar erros de concepção que não devem existir em trabalhos futuros. Para o designer da Vista Alegre, “esta é uma forma de dar um “choque” de realidade para além da parte mais educativa e académica de uma formação, há nestas iniciativas, a oportunidade de ter um encontro com o mercado de trabalho e com todas a suas condicionantes. Mas para nós há também esperança de encontrar novas ideias”.
Foram mais de cem propostas revistas pelo designer. Na sua avaliação tentou fazer passar aos alunos as principais características de um produto. De uma forma geral, quando as empresas desenvolvem novas ofertas para apresentar no mercado “têm em conta um conjunto muito diversificado de factores”. O preço de produção, o material utilizado, a capacidade de execução fazem parte desse leque de parâmetros. Daí que, durante o contacto com os estudantes de Design Industrial, “aquilo que quis deixar, entre outros conselhos foi o seguinte: para ter sucesso, um produto deve ter muitas características, deve ser comercial, ter uma boa relação entre preço e valor, deve ser fácil de produzir e ter também algum conceito na história. Ou seja, existem muitos pormenores na criação de um produto até que se possa dizer que este vai ter algum sucesso. Na visita à UBI vi várias boas ideias, mas são conceitos e por isso mesmo ainda têm de percorrer um longo caminho e sofrer uma certa ‘maturação’”, descreveu Nick Holland.
Nesta interligação entre a empresa e a academia, o designer da Vista Alegre e da Atlantis aproveitou também para falar das características pedidas pelas empresas, no que respeita aos seus profissionais. Ao contrário do que é feito com um trabalho académico, “as empresas querem coisas desenvolvidas em muito pouco tempo, temos de chegar depressa a um produto que seja necessário e ter o seu design final prontamente realizado”, atesta. Depois da análise às propostas dos alunos a UBI, Holland leva um conjunto de trabalhos que irá explorar com os membros da equipa e tentar melhorar, para, se possível “passar à produção”.
Denis Coelho, docente do Departamento de Engenharia Electromecânica e um dos responsáveis pela vinda do designer à UBI lembra que “mais importante do que saber se a Vista Alegre vai ou não desenvolver algum conceito dos que foram apresentados é o ganho fundamental dos alunos e o facto de terem este contacto com a realidade de uma empresa e das formas muito pragmáticas do trabalho produzido”. Na opinião do docente, “estas iniciativas, para este tipo de cursos, são excelentes, ou seja, existe a oportunidade real de colocar os alunos, ainda durante o seu processo de formação, já em contacto e de forma continuada com as limitações e o pragmatismo da indústria”. Aspectos fundamentais que os membros da UBI querem promover e melhorar durante os próximos tempos.