Urbi et Orbi: De onde surge a paixão pela guitarra portuguesa e pelo fado?
Hélder Machado: Primeiro comecei na viola e passado um ano, a minha mãe sugeriu que frequentasse as aulas de guitarra portuguesa, porque também havia pouco na região. Já acompanhava o fado com a viola, e a guitarra portuguesa veio por acréscimo.
Urbi et Orbi: Quem foi a sua grande influência para começar a tocar guitarra portuguesa?
H.M: Foram os meus pais, mas a minha mãe aconselhou-me este instrumento devido ao facto de na região haver poucas pessoas a tocar guitarra portuguesa.
Urbi et Orbi: Já tocou com grandes nomes do panorama nacional como Ângelo Freire e Custódio Castelo. Como foram essas experiências?
H.M: Essas experiências foram espectaculares, porque é totalmente diferente actuar com pessoas com vários anos de experiência, e tocar com algumas pessoas cá da Covilhã que não têm tanta experiência.
Urbi et Orbi: O futebol sempre foi uma paixão na sua vida? Quem o influenciou para entrar na ADE?
H.M: Sim, desde sempre o futebol foi uma paixão para mim. O futebol, se não fosse a guitarra, era o meu único passatempo. Sempre gostei muito de futebol, mais do que de qualquer outro passatempo. Mas actualmente, a guitarra tem um peso diferente na minha vida. A entrada para a Associação Desportiva da Estação (ADE) devo-a ao meu pai, pois foi ele quem me inscreveu quando eu tinha cinco anos.
Urbi et Orbi: É difícil conciliar os estudos, futebol e o fado? Como faz para cumprir todos os objectivos?
H.M: É difícil mas não é impossível porque com gosto tudo se consegue. Tento conciliar todas as coisas e ainda tenho algum tempo para sair com os amigos.
Urbi et Orbi: Está a terminar o Ensino Secundário. Depois disso pretende continuar com todas as actividades que pratica actualmente?
H.M: Sim, pretendo continuar com o fado e com o desporto, se ficar cá na UBI será tudo mais fácil porque estou em casa e poderei continuar com as actividades que desenvolvo aqui.
Urbi et Orbi: Os seus planos do futuro passam pela Covilhã, ou a cidade limita os seus objectivos?
H.M: Em termos de universidades penso que a UBI ou a Motricidade Humana têm qualidade idêntica em termos do curso de desporto. A diferença entre ficar na Covilhã ou em Lisboa será nas oportunidades no que respeita ao fado, pois tenho aulas com o Carlos Gonçalves e tenho de deslocar-me a Lisboa algumas vezes, o que seria muito mais fácil se eu lá estivesse. Mas, tenho também de pensar nas coisas para além do fado, porque os encargos financeiros da ida para Lisboa são muito elevados.
Urbi et Orbi: Quanto ao futebol, tem alguma meta que pretende atingir? E no fado?
H.M: Sim, ser campeão para o próximo ano e disputar o campeonato nacional de juniores no último ano. Gostava também de ir jogar para o Real Madrid, Manchester United ou para o Benfica. No que respeita ao fado, gostaria um dia de tocar com grandes figuras como a Mariza, Carlos do Carmo ou Ricardo Ribeiro, mas para se chegar a esse nível é preciso muito empenho e trabalho.
Urbi et Orbi: É usual dizer-se que os jovens não gostam de fado. Acha que é assim ou é uma mentalidade que está a mudar?
H.M: Penso que a mentalidade está a mudar, mas é muito difícil mudar mentalidades. Há muitas músicas e tipos de músicas que se adequam mais a jovens da minha idade, mas vejo que há uma mudança. Por exemplo, entre os universitários tenho verificado que há mais interesse pela música portuguesa. Acho que as pessoas, mas principalmente os mais jovens, não estão habituadas a ouvir a nossa música e acabam por não a conhecer bem em toda a sua essência.