Foi um dia entremeado pela chuva e pelo Sol, aquele que marcou os 121 anos do 1 de Maio. O Dia do Trabalhador acabou por ganhar relevância na sede do concelho covilhanense, mas também em algumas vilas ligadas à indústria têxtil, como é o caso do Tortosendo, Vila do Carvalho e de Unhais da Serra. Durante a manhã a já tradicional prova de atletismo decorreu debaixo de chuva, tal como a arruada e o discurso na vila do Tortosendo.
Para a tarde, o Sol lá acabou por aparecer e o Jardim Público da Covilhã ganhou algumas dezenas de visitantes que acabaram por se integrar nas comemorações. Música ao vivo, jogos lúdicos e pinturas para os mais novos foram também motivo de paragem naquele ponto central da cidade da Covilhã. Luís Garra, presidente da União de Sindicatos da Beira Baixa (USBB), foi ganhando balanço para o discurso que dirigiu aos presentes, na música de um grupo de jazz que o antecedeu em palco. O líder deste organismo sindical deu voz ao descontentamento “dos trabalhadores” e criticou “os fascistas do novo regime, os abutres da nova democracia, que contavam com um 1 de Maio silencioso”. Atravessado na garganta do sindicalista estava o facto dos hipermercados do Grupo Jerónimo Martins e também da Sonae terem aberto portas neste dia. Garra atesta que “mais cedo ou mais tarde, a bem ou a mal, fecharemos os hipermercados”.
Num tempo em que a palavra crise toma lugar em quase todas as conversas, Garra lembra que “crise não é para todos”. A prová-lo está, na óptica do sindicalista, “o enriquecimento escandaloso dos belmiros, carrapatosos, CIP, CAP e outros”. Daí que, a luta deva ser dirigida “à prepotência e arrogância do patronato, contra a entrada do FMI e EU”. O período eleitoral que se aproxima leva Garra a lembrar que “isto é uma vergonha, mas há alternativa e é preciso lutar”. Diz o sindicalista que “precisamos de mobilizar os trabalhadores e isso passa pela mudança da política. Por isso tenham atenção no próximo dia 5”.
Garra não esqueceu a presença da “Troika” em Portugal e lembrou que os sindicatos “defendem o País e o povo”. Já a banca “promoveu a entrada do FMI, num acto de ingerência que coloca em causa a nossa soberania”. A luta “é inevitável” e a luta “não vai parar”. Daí que tenha de existir “uma mudança de política, uma renegociação da dívida, de prazos de investimento económico, entre outros pontos”, acrescenta o dirigente sindical. Desenvolver a produção nacional, aumento de poder de compra do mercado interno e manter as funções sociais do Estado, parecem ser também ingredientes da receita de recuperação de Portugal, no entender de Luís Garra.