Este ano a Covilhã assinalou o 25 de Abril com uma reunião extraordinária da assembleia municipal. A demissão do Governo e a presença de membros do FMI e União Europeia acabou por servir de mote às intervenções das diversas forças políticas presentes.
Isilda Barata, eleita pelo CDS-PP foi a primeira a discursar. Para a representante do Partido Popular, Portugal “é um País mergulhado numa profunda crise onde os ideais de Abril estão cada vez mais afastados”. Nesse sentido, os mais recentes acontecimentos políticos levam a que Isilda Barata defenda “um novo projecto político para Portugal”. Projecto esse que se assume de mudança relativamente à classe política e à forma de dirigir as estruturas públicas.
Do partido de direita passou-se para o Bloco de Esquerda que teve na voz de José Serra dos Reis, a representação neste acto. O membro do BE ancorou a sua intervenção também numa necessária mudança de políticas e de políticos. Descentralizar “trazer para mais perto das populações os centros de decisão” é um dos caminhos para que se efective esta alteração. A este facto Serra dos Reis junta “um maior envolvimento dos cidadãos”. Apostar na participação mais convicta e frequente dos portugueses na vida pública e política parece ser outras das alterações necessárias, segundo o bloquista.
Vítor Reis Silva, da CDU, foi o terceiro deputado a intervir na sessão solene. Uma intervenção que aflorou, para além da situação nacional, a realidade municipal. Um dos pontos de maior substância na intervenção do deputado comunista diz respeito ao facto de “pela primeira vez a Câmara da Covilhã não apresentou um programa efectivo de comemorações do 25 de Abril”.
Nelson Silva falou em nome do Partido Socialista. Segundo este deputado “a política e os políticos, as suas inércias, devem ser retratadas nas acções cívicas dos cidadãos”. As palavras do socialista acabaram por representar algumas ideias já expressas na sessão. Para Silva “é bom que a actual classe política tenha a noção de que muito está desgastado, até porque, todos têm culpa de termos chegado até aqui”. Uma descentralização política, mas também novas posições de quem exerce cargos públicos parecem ser as soluções apontadas pelo PS.
Bernardino Gata apresentou as noções defendidas pelo PSD. Para o deputado “laranja”, “todos fizeram coisas mal, uns por acção, outros por inacção”. O tempo que se segue deve ser gasto no “apuramento de responsabilidades”. Algo que Gata espera ser feito através do acto eleitoral do próximo dia 5 de Junho. Acutilante em relação ao Governo, Gata defende que dos três “D’s” do 25 de Abril (Democracia, Descolonização e Desenvolvimento), “passámos para outros de Dívida, Desemprego e Défice”.
Na sessão falou também Carlos Pinto. O autarca covilhanense começou por lembrar “o muito que se deve ao poder local”. Da dívida total do Estado “apenas um por cento diz respeito às autarquias”. A presença de membros estrangeiros na gestão do País apenas serve para constatar “que não nos soubemos organizar”. Pinto diz que passados 37 anos sobre a revolução este não é o País que se imaginou então. Mas o autarca defende que “é a partir do poder local que temos de erguer a voz perante esta situação”. Um estado de coisas e de figuras “onde, a título de exemplo, há figuras como as dos governadores civis que não se sabe bem o que governam”.
O presidente da assembleia municipal, Carlos Abreu, encerrou as intervenções. Um discurso onde se reforçou as medidas “desenquadradas” que têm sido levadas a cabo para esta região. “A tão propagandeada discriminação positiva é agora visível com a aplicação de portagens nas auto-estradas da região, a preço superiores aos praticados na capital”. No entender de Abreu “há uma governação obsessiva e doentia, que desrespeita os cidadãos e que tem de acabar”.