Três anos após a criação da Lusosofia estão publicadas quase quinze mil páginas de textos de Filosofia. O grupo fundador deste projecto foi recebendo diversas propostas de expansão passando agora não só a acolher textos filosóficos clássicos, dissertações, ensaios, artigos, recensões, mas também a integrar outros textos significativos da cultura portuguesa e lusófona ou, se traduzidos, de qualquer outra origem.
José Rosa, docente da Faculdade de Artes e Letras e um dos fundadores desta biblioteca, explica o alargamento do seu campo de acção e publicação. Para além de ser um espaço de recolha de textos filosóficos, a Lusosofia passa agora a um espaço cultural mais vincado. “Fomos recebendo propostas de alguns centros, como é o caso concreto do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, (CLEPUL), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que gostaria de se associar a nós e utilizar a nossa plataforma no sentido de difundir textos que dizem respeito à cultura no sentido em que a cultura inclui necessariamente a Filosofia”, explica. Este centro está já integrado na biblioteca e a breve trecho os responsáveis esperam a publicação de teses, ensaios, textos, provenientes de organismos como o CLEPUL.
Com a biblioteca a tornar-se um projecto plenamente instalado e divulgado, “de tal forma que encontramos textos copiados da nossa biblioteca noutros locais, mas sem referência à origem”, tornou-se “natural”, o crescimento do seu leque temático. Rosa lembra que esta ferramenta online, “apresenta-se como um projecto de gratuitidade e distribuição de cultura e saber, uma fonte de ideias”. A par da filosofia e da literatura, existe agora espaço para textos mais abrangentes, transversais aos diferentes saberes. “Acabámos de publicar um trabalho genérico, precisamente para inaugurar esta nova vertente como biblioteca online de filosofia e cultura, um texto de um grande professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que é o Padre Manuel Antunes, autor da obra “Repensar Portugal”, que está já totalmente disponível na nossa biblioteca”.
O docente da UBI aponta ainda outro dos aspectos positivos da plataforma online, “a Lusosofia é um instrumento muito dúctil e tanto pode apresentar uma tese de 500 páginas, como um ensaio de dez ou 15 páginas”, lembra José Rosa. Esta espécie de simpósio universal “vem permitir que a lusofonia seja um espaço de partilha e de comunhão muito concreto. Ao mesmo tempo que eu coloco aqui um texto ou que o descarrego e leio na Covilhã, o mesmo pode estar a ser feito em Timor, ou Angola, ou Moçambique, etc”. A divulgação da cultura lusófona passa agora a ser uma das aspirações desta ferramenta. Um projecto de difusão cultural, com publicação gratuita que chega a todo o globo. Rosa confessa que “a Lusosofia é o ideal da biblioteca infinita e retoma algumas das ideias fundamentais de outros tempos, que agora a Internet permite realizar”.
O impacto da biblioteca foi tal que existe agora uma parceria estratégica com um conjunto de editoras. Colibri, Assírio & Alvim, Texto & Grafia, Imprensa Nacional - Casa da Moeda e Paulinas Editora publicam textos parciais nesta ferramenta online. “É um protocolo que funciona pela maximização do potencial recíproco, isto é, nós colocamos online dois capítulos de uma obra, capítulos que têm valência autónoma da obra de origem e remetemos para a obra integral. Desta forma, o leitor pode ver se lhe interessa a obra e optar pela sua compra na versão integral. Por um lado a Lusosofia tem sempre novos textos para apresentar e por outro lado, as editoras clássicas não vêm na Lusosofia uma ameaça, antes pelo contrário, vêm uma oportunidade de mostrar os seus livros”, diz José Rosa.
Para o futuro está pensada a promoção da biblioteca no espaço lusófono, sobretudo para países de expressão portuguesa, numa relação mútua onde também se publiquem na Lusosofia, textos de literatura, poesia, ensaios, teses de Angola, Brasil, Guiné, Timor e outros que enriqueçam o seu conteúdo.