O Edifício das Engenharias foi o palco escolhido para uma jornada de reflexão subordinada ao tema “Articulação Funcional das Acessibilidades Tranfronteiriças em Regiões de Baixa Densidade”. Este evento é organizado pela UBI, através de Jorge Reis, docente do Departamento de Ciências Aeroespaciais e pela Universidade de Coimbra, através de Anabela Ribeiro, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologias daquela instituição, contando com o apoio da APDR. Jorge Reis sublinha que “esta actividade é mais do que pensar o desenvolvimento regional”, até porque, “para que esse desenvolvimento aconteça são necessárias várias condições e variáveis. Uma delas são as acessibilidades, mas há também os transportes e as telecomunicações”. Neste evento, constituído por três painéis de trabalho, a principal interrogação é a de saber se, de facto, “as infra-estruturas de transporte, em zonas transfronteiriças de baixa densidade, podem actuar efectivamente como estímulo ao desenvolvimento local e regional”.
Os dois docentes que estão integrados na organização do evento têm também diversos trabalhos científicos desenvolvidos nesta área. Jorge Reis analisou a auto-estrada A23, na sua tese de doutoramento, enquanto que a auto-estrada A25 foi alvo de estudo da tese de doutoramento de Anabela Ribeiro. Estes investigadores trabalhavam há algum tempo em projectos conjuntos e surgiu agora a oportunidade deste evento. O docente do Departamento de Ciências Aeroespaciais adianta que “dos trabalhos já feitos, na área da econometria espacial, fomos chegando à conclusão de que, provavelmente, as acessibilidades nesta região transfronteiriça não estão devidamente articuladas. Ou seja, não existe uma articulação funcional das acessibilidades”. A título de exemplo, Jorge Reis fala nos movimentos pendulares, que é o caso das deslocações que habitualmente são feitas do local de residência para o local de trabalho e do trabalho para casa. Em ambos os lados da fronteira, “verificamos que não é fácil fazer isso na zona onde nós estamos. Para que eventualmente se possam estabelecer determinadas relações, nós temos de ir muito a Norte, em Vilar Formoso, ou muito a Sul, na zona de Segura, em Castelo Branco”, descreve este investigador.
Demografia e Dinâmicas Sociais, Inovação e Dinâmicas Empresariais, e Articulação Funcional das Acessibilidades são as áreas em análise neste evento. Debater a importância das acessibilidades no espaço geográfico fronteiriço e a contribuição efectiva destas para o desenvolvimento regional são também metas da iniciativa que tem lugar precisamente na maior academia da região. O docente da UBI atesta a relevância deste tema num tempo de forte contenção económica. Jorge Reis explica que uma das principais vantagens das acessibilidades “é o alargamento da bacia de emprego. Ou seja, actualmente, com o mesmo tempo e talvez com o mesmo dinheiro consegue-se ir mais longe a partir de um determinado ponto. Devemos pensar que há uns 20 anos, quem se deslocava da Covilhã para Norte, num equivalente a um trajecto de 20 minutos, conseguia chegar perto de Belmonte. No caso de ir para Sul, chegaria ao Fundão. Hoje a realidade é outra e com os mesmos 20 minutos, talvez se consiga chegar à Guarda ou a Castelo Branco. Daí que a zona de emprego esteja mais alargada”. Este tipo de situações e de mobilidades são tópicos de estudo que têm um forte impacto na vida das pessoas.
A sessão de trabalho tem início às 10.30, com uma sessão plenária coordenada por João Leitão, administrador da Universidade da Beira Interior, que contará com as comunicações de Paulo Pinho, da Universidade do Porto, de Miguel Paniagua, da Universidad de Extremadura e de Pedro Ramos, da Universidade de Coimbra. Inovação e Dinâmicas Empresariais é a temática abordada na segunda sessão plenária, marcada para as 14.30 horas, que será coordenada por Fernando Paulouro Neves, director do Jornal do Fundão e terá como intervenientes Rosário Macário, da Universidade Técnica de Lisboa, Jesus Mur, da Universidad de Zaragoza e Vicente Royuela, da Universidad de Barcelona. Às 16.15 horas, a terceira sessão plenária tratará da “Articulação Funcional das Acessibilidades”, Marcos Levy Ramalho, director geral da Scutvias, será o coordenador da mesa que tem como palestrantes, Pais Antunes, da Universidade de Coimbra, Javier Gutierrez, da Universidad de Madrid e José Manuel Viegas, da Universidade Técnica de Lisboa.