Um protesto contra a introdução de portagens nas auto-estradas do interior do país juntou na Covilhã o maior número de entidades que já se uniram na contestação à medida nesta zona do interior do País.
A Câmara da Covilhã, a Comissão de Utentes das auto-estradas, a União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB), o movimento Empresários pela Subsistência do Interior, e populares, encheram a Praça do Município da Covilhã por volta das 16h00.
Carlos Pinto, presidente Comurbeiras - Comunidade Urbana das Beiras, e presidente da Câmara Municipal da Covilhã, também se juntou ao protesto, e afirmou que as portagens “penalizam empresas, famílias e cidadãos que aqui habitam, num quadro de crise económica e dificuldades acrescidas de sobrevivência.”
A comunidade que junta 12 municípios da Beira Interior vai ainda formalizar uma providência cautelar junto dos tribunais administrativos. Ao mesmo tempo, vai ser entregue uma queixa junto das “instâncias europeias”, por se considerar que as portagens na A23 Torres Novas/Guarda e A25 Vilar Formoso/Aveiro “vão taxar a utilização de troços que foram construídos com financiamento comunitário”, referiu Carlos Pinto. Estas medidas foram aprovadas por unanimidade numa reunião de terça-feira do Conselho Executivo da Comurbeiras, que aprovou ainda uma moção de protesto contra a introdução de portagens na A23 e A25, que será remetida ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
Os dados sobre o assunto são, de resto, preocupantes. Um questionário promovido pelo movimento Empresários pela Subsistência do Interior a que responderam 542 empresas, revela que um terço delas prevê desinvestir e fazer despedimentos por causa da criação de portagens. Estima-se a perda de 17.100 postos de trabalho a curto/médio prazo, e o encerramento de cerca de 6.800 empresas.
Vários empresários da zona centro pensam que esta medida será “a morte da região” e não têm dúvidas de que as portagens “irão ajudar a acentuar a desertificação”.
Também Susana Ramos, um dos populares presentes na manifestação, afirma que “é mais uma injustiça que o nosso governo nos aplica e com que temos que arcar”.
Sérgio Alves, um dos muitos manifestantes descontentes é natural de Aveiro e veio para o interior para criar a sua própria empresa. Sérgio explica que “ agora cada vez que vou visitar os meus pais e familiares tenho que pagar um balúrdio de portagens virtuais. Não cabe na cabeça de ninguém colocarem-nos esta despesa obrigatória para quem tem de se deslocar constantemente e ter apenas esta estrada para o fazer”.
A população foi convidada a participar através de comunicados lançados por cada uma das entidades, por folhetos e faixas distribuídos por toda a cidade e arredores.
Recorde-se que a introdução de portagens na A23 está prevista para o dia 15 de Abril.