“Se há questão que não tem facilidade nenhuma é esta da relação entre a Europa e a Turquia” apresou-se a referir, André Matos, logo no início da sua intervenção. Com esta premissa em mente, o orador passou a explicar alguns dos problemas existentes. Por exemplo, a Alemanha, como explicou André Matos, teria muito a perder com a entrada da Turquia. Por ser o segundo maior país da União Europeia, caso entrasse a Turquia “teria tantos votos como a Alemanha. E vamos deixar a Turquia ter tantos votos como a Alemanha? É que a Turquia não dá tanto dinheiro para a UE como a Alemanha”.
Mas não são apenas as questões diplomáticas envolvendo a Alemanha que impedem a Turquia de entrar. Segundo o orador existem muitas mais, e entre as mais importantes estão as fronteiras do país. “ Alguns europeus têm medo de alargar a fronteira para estar tão perto de países tão em paz, e tão maravilhosos como o Irão ou o Iraque”. Paradoxalmente, estas mesmas fronteiras poderiam ser uma enorme vantagem para a União, pois poderiam permite “uma ponte entre o Ocidente e os países do médio Oriente”. São este tipo de problemas que fazem André Matos pensar que “a entrada da Turquia é um desafio muito maior para a UE do que foi a entrada de 10 países de leste”.
André Pereira Matos analisou também a história das relações entre a Turquia e a UE e concluiu que tem sido marcada por “ups and downs”. E são estes mesmos avanços e recuos que diz estarem a “desmotivar os turcos” do processo de adesão à União Europeia. Processo esse que, diz, pode bem acontecer deixar de ser do interesse da Turquia dentro de alguns anos. Pois o país “pode querer tonar-se numa referência para os países do médio oriente ou quem sabe formar uma organização sua juntamente com esses países”. A conferência “ A União Europeia e a Turquia” decorreu tendo como alvo os alunos de 2º ciclo do curso de Relações Internacionais.