“A Galáxia de Anime: A Animação Japonesa como New Media” é o título da tese de doutoramento apresentada na UBI que pretende demonstrar o papel desta arte originária do país do sol nascente, como meio de comunicação.
Herlander Elias, autor do trabalho, começa por explicar que “a animação japonesa, aquela mais comercial, com a qual os miúdos têm mais contacto através da televisão, jogos de computador e filmes, entre outros, e cada vez mais na Internet, é um meio de comunicação”. O autor do trabalho sublinha que “cada vez mais, aquilo que as crianças andam a consumir em Portugal e que por acaso no Japão até é maioritariamente consumido por adultos, não são apenas uns bonecos animados, não são apenas cartoons, não é um entretém, não é um hobby, mas sim, uma coisa séria, um meio de comunicação que faz com que os mais novos queiram aprender cultura japonesa”.
Tratar todo este tema à luz das Ciências da Comunicação foi o desafio colocado ao longo da elaboração do estudo. É um tema novo em Portugal, “pese embora o facto de existir já um texto publicado por uma investigadora portuguesa da Universidade Nova de Lisboa, que é a professora Mónica Miranda. Este texto que segue mais a perspectiva do marketing, foi o primeiro a ser escrito sobre o fenómeno Dragon Ball em Portugal e falou sobre as crianças ‘cyborg’”, acrescenta. Elias lembra também que “falar deste assunto há 15 anos era como falar em ficção científica. Hoje sabemos que o que andamos a ver na televisão e o que as crianças agora experimentam nos jogos Playstation não é uma coisa fora do nosso tempo. Aliás, a própria Igreja Católica utiliza “manga” para apresentar os factos da Bíblia. Mas este meio é já utilizado também na Inglaterra, para promover o Shakespeare, e claro, no Japão, para promover, por exemplo, os mais recentes automóveis”.
O trabalho agora defendido na academia “visou demonstrar precisamente que estamos a falar de um meio de comunicação quando falamos da anime japonesa, o porquê de se considerar um meio e o que é que esse meio trouxe de novo e porque é que há mais gente a recorrer a ele”, reitera.
Para o futuro, Herlander Elias trabalha já “em algumas das coisas que agora foram abordadas e que se prendem com o colectivo e com o subjectivo, porque, no fundo, esta animação já está alterada por uma coisa que se chama Internet. Basicamente, a minha próxima investigação tem a ver com o mundo pós-Internet. Já tem a ver com uma coisa que está completamente diferente do período pós 1994. O que está em causa é “o que é o mundo pós Internet”, atesta.
O júri das provas foi composto por Paulo Renato da Silva Gil Viveiros e Cunha, professor da Universidade Lusófina, Luís Carlos da Costa Nogueira, professor da Universidade da Beira Interior, que foram também arguentes da tese, e Tito Manuel Pereira Cardoso e Cunha, professor da Universidade da Beira Interior, Eduardo José Marcos Camilo, professor da Universidade da Beira Interior, António Fernando da Cunha Tavares Cascais, professor da Universidade Nova de Lisboa e Jorge Manuel Martins da Rosa, professor da Universidade Nova de Lisboa. A presidir às provas esteve Joaquim Mateus Paulo Serra, professor e presidente da Faculdade de Artes e Letras da UBI.