“Temos de começar a ver as coisas pelos olhos do mundo asiático”- foi assim que Luís Tomé começou a sua conferência fazendo questão de realçar que “hoje há muitas diferenças entre o sistema político asiático e o europeu. Mas elas já existiam durante a Guerra Fria”. O docente da Universidade Autónoma explicou como, em sua opinião, no século passado houve não uma, mas duas guerras frias, das quais a região asiática foi a grande vencedora, e de que é a partir dessa vitória que o crescimento desses países se começa a desenvolver. Os países asiáticos de que fala têm todos, independentemente de serem autocráticos ou não, “um pendor marcadamente nacionalista” e um “carácter desenvolvimentista”.
São estas características, em conjunto com a mão de obra barata, que põem em risco o sistema actual segundo o professor  de Lisboa : “Esqueçam trabalhar  11 meses e serem pagos 14. Isso nunca funcionará numa economia global, funcionou numa regional”. Luís Tomé salientou ainda que, ao contrário do que se pensa, a Ásia não está assim tão dependente da Europa. “A Ásia depende cada vez mais da Ásia” explicou o docente mostrando dados que comprovam que os países asiáticos fazem cada vez mais trocas comerciais entre si.
No entanto, os EUA continuam a ter um “papel de balanço entre potencias ímpar” e continuam a ser “um parceiro indispensável para os países asiáticos” isto porque são eles que garantem a segurança energética e económica que permite aos países asiáticos desenvolverem-se.
A questão da Coreia do Norte também foi abordada, pois segundo o docente “é um problema muito mais sério do que alguns pensam”. O regime de Pyongyang “passou a usar a chantagem das armas nucleares para se manter como estado”. O perigo, segundo Luís Tomé, está no facto de que se se ceder “ao jogo da Coreia do Norte, então qualquer maltrapilho pode fazer chantagem” desvalorizando-se assim o tratado de não proliferação de armas nucleares. A aula aberta realizou-se no âmbito do 2º ciclo em Relações Internacionais e foi assistida por alunos de mestrado da área em questão.