O Teatr’UBI tem já pronta uma nova peça. Este é o quarto trabalho encenado por Rui Pires, e assume-se como “uma das mais arrojadas mostras do grupo”. “Son[h]o dor~mente” pretende ser uma visão do estado das relações sociais dos dias que correm. “É uma peça arrojada que trabalha com os problemas humanos, com as relações entre pessoas. Espero que o público venha ver e que consiga perceber que este trabalho se insere numa linha de experimentalismo e de arrojo”, acrescenta o encenador deste trabalho que conta com a co-produção da Associação de Teatro e Outras Artes (ASTA).
Diana Silva, Gonçalo de Morais, João Cantador e Paulo Lima dão corpo a esta peça que sobe ao palco no próximo dia 17 de Março. O texto surge de uma adaptação livre de “O Teatro”, de Emma Santos e trata da violência tantas vezes impostas nas relações humanas. Um trabalho que começa com alguns comuns de outras peças já apresentadas por este grupo de teatro, nomeadamente “O Corvo”, mas que no seu desenvolvimento acaba por apresentar muitas novidades.
As novas tecnologias, nomeadamente as ferramentas multimédia, marcam presença na peça. O desempenho em palco dos quatro actores é seguido com a projecção de um filme, gravado em directo, no Teatro Cine e também por excertos de vídeos feitos ao longo dos ensaios. Mas há mais novidades, como a presença da água e de adereços invulgares que servem para marcar a cenografia do quarto trabalho de Rui Pires.
“Hoje em dia, na nossa sociedade, as relações humanas têm vindo a deteriorar-se e com elas as relações pessoais e sentimentais. As pessoas têm cada vez menos tempo para estarem umas com as outras, cometem-se injustiças e acho que o teatro pode mostrar e passar isso, que é o que se pretende também com esta peça”, explica ainda o encenador. O espectáculo, com cerca de uma hora, acaba por apresentar um conjunto alargado de interpretações. Daí que Pires acredite no risco de “muitas pessoas virem ver a peça e não a interpretar da melhor forma, acabando por não gostar da prestação. Mas as peças que costumo dirigir têm esse desafio, são uma espécie de convite aos espectadores para que estes entrem nelas, que as interpretem, que as sintam suas, não é daquele teatro em que o espectador vai para pensar, faço teatro para espectadores activos e não passivos”. Este novo trabalho vai ser apresentado ao público no Teatro Cine da Covilhã onde estará durante alguns dias em palco. O grupo segue depois para um conjunto de festivais onde irá também mostrar “Son[h]o dor~mente”, sobretudo em Espanha.