Olham para as paredes de granito do pólo principal da UBI com uma curiosidade imensa. A arquitectura do antigo quartel militar, agora transformado em universidade é algo inédito para o grupo de estudantes macaenses. São dez alunos de Estudos Portugueses, curso leccionado na instituição oriental, que viajaram até à Covilhã para aprofundar os seus conhecimentos sobre a língua de Camões.
O Departamento de Letras integrou a experiência de acolher alunos de Macau no ano passado, “o resultado foi de tal forma positivo que este ano fomos novamente escolhidos para receber mais alunos”, começa por explicar Paulo Osório, docente da UBI. Ao longo de um semestre, os alunos da Universidade de Macau frequentam diversas disciplinas relacionadas com o português. Mas “acima de tudo praticam a língua no seu estado natural, aqui têm mesmo de se exprimir em português”, continua o professor.
Por entre alguns sorrisos e palavras indecifráveis, o grupo lá vai escolhendo os seus interlocutores. Margarida Ip, de 22 anos, faz a apresentação dos colegas num português quase perfeito. Esta aluna do último ano de Estudos Portugueses, tal como os restantes elementos do grupo, quiseram viajar até à terra de Pêro da Covilhã “para começar a treinar aquilo que aprendemos na universidade”. Há cerca de uma semana na “cidade neve”, a jovem faz questão de destacar a facilidade de se promoverem amizades. “Estamos nas residências e temos já muitas amigas”, confessa. Margarida Ip diz que esta é uma das marcas que levará para o oriente, “a amizade e a afabilidade das gentes beirãs”.
Flávio Chao, de 23 anos, entusiasma-se com a conversa da colega e acaba também por se aventurar na Língua Portuguesa. Começa por explicar que os colegas do ano passado e alguns professores que conhecem a UBI e o trabalho que é desenvolvido no Departamento de Letras lhes recomendaram esta instituição. Apesar da academia beirã não ser a única, em Portugal, a receber alunos da Universidade de Macau, este grupo de dez estudantes acabou por se decidir pela Covilhã. As primeiras imagens que procuraram “foi da universidade, mas também da Serra da Estrela”. O nome da montanha mais alta de Portugal continental desperta a atenção de todo o grupo e a visita já agendada “à neve” parece ser um dos acontecimentos mais aguardados.
Gustavo Chu, de 20 anos, é outro dos alunos que espera ganhar maior experiência na língua portuguesa. Uma das apostas futuras deste jovem passa por Angola. Este país lusófono tem sido farto em empregos para os jovens macaenses, daí que “saber falar bem português seja importante”. Contudo, outra das grandes apostas do grupo é também a da promoção da cultura lusófona em terras orientais. Se noutros tempos Portugal administrava Macau, “hoje a presença é feita através da calçada, de igrejas e de alguns edifícios”. Isto porque “o Português apenas é ensinado em algumas escolas estatais e está a começar a perder importância”, garante Chu.