Foi no reinado de D. João III, que cristãos – novos e judeus, deram incremento ao comércio, à indústria e ao tráfego marítimo, contudo, o êxodo destas populações para o estrangeiro, provocaram grandes quebras tanto no comércio como na indústria portuguesa. Este abandono tanto por parte dos judeus como dos cristãos – novos, prolongou-se desde a dominação espanhola até ao reinado de D. João IV.
A Serra da Estrela, é circundada por várzeas ricas em potencialidades agro – pecuárias, a carência de cereais nesta altura, levou ao desenvolvimento do cultivo nestas mesmas margens, erguendo engenhos de moinhos, lagares, pisões, tintes e tendas, e lavandarias com águas ideais para o tratamento das lãs, sendo este o ponto de partida para o aparecimento da indústria têxtil na Covilhã. As ribeiras da Carpinteira e Degoldra, tornaram-se centros da indústria manufactureira de panos, sendo a principal fonte de energia da indústria, a força hidráulica colhida nestas mesmas ribeiras.
A primeira fábrica têxtil da Covilhã, apareceu precisamente na ribeira da Carpinteira, a Fábrica Real, na ribeira da Degoldra, onde existia o lugar do Biribau, estava localizada uma lavandaria de lãs.
O processo de industrialização da cidade conduziu a uma grande concentração fabril, bem como concentração de uma grande classe social poderosa, os industriais, contudo a partir de 1970 inicia-se um processo de abandono sucessivo de numerosas fábricas, e também à reconversão industrial da cidade. Os investimentos eram feitos essencialmente na renovação de equipamentos técnicos, e as zonas inicialmente escolhidas para o desenvolvimento da indústria têxtil, começaram a ser vítimas de abandono, tendo sido implantadas novas construções noutras áreas, nomeadamente no parque industrial. Actualmente a Covilhã é considerada uma área de desindustrialização, pois as transformações sócio – económicas a isso a obrigaram.
A crise e a concorrência desleal, foram também um ponto importante para esta desindustrialização, porém, algumas indústrias mantiveram-se e criaram mesmo alguns monopólios, é o caso da empresa “Paulo de Oliveira”, que vinculou ao seu grupo empresas que estavam em vias de se extinguir.
A empresa “Paulo de Oliveira”, sendo uma empresa familiar, tem demonstrado ao longo dos anos estabilidade, o que permitiu alargar os seus horizontes para o comércio externo, tornando-se assim a empresa industrial mais importante da zona.
Numa cidade em que a indústria têxtil imperava, e que era uma das maiores fontes de rendimento, passou para os nossos dias para um lugar secundário, em virtude da cidade se ter tornado uma cidade universitária, onde muitos dizem ser a Universidade a maior empresa empregadora da Covilhã. Aqui encontramos a explicação para a cidade da Covilhã ter deixado de ser a “Manchester Portuguesa”, para passar a ser uma cidade universitária.
Mas para que esta chama da antiga “Manchester” não se apague, direccionamos esta reportagem para esta grande empresa (Paulo de Oliveira), demonstrando que a indústria têxtil continua a ter importância na economia da cidade, bem como na vida social, sendo também o mote para “despertar” novos incentivos para reactivar esta mesma indústria.