Às 14 horas de um domingo a subida ao longo das curvas apertadas até a torre começa. Vários carros com pessoas de perto e de longe que anseiam pelo encontro com a neve. O manto branco só se começa a notar já quase na chegada ao ponto mais alto de Portugal continental. Estão quatro graus negativos e o nevoeiro dificulta a visão, mas não é por isso que não se avistam famílias contentes em contagiantes brincadeiras com a neve. Aos dois mil metros de altitude, o semblante sério por parte do corpo de intervenção, da GNR e dos bombeiros que estão prontos para algum contratempo que possa surgir contrasta com as caras alegres dos turistas. A outro cenário se assiste quando se entra no Centro Comercial da Serra. Comerciantes tentam vender o seu queijo e as suas iguarias no meio do frenesim onde clientes procuram essas mesmas especialidades e lembranças para mais tarde recordar a sua passagem.
Hoje não é dia de nevão, mas quando isso acontece o sonho de ver e brincar com a neve é quebrado. Se fosse um dia de nevão provavelmente os acessos estariam cortados e muitas famílias não conseguiram chegar à torre, assim como os comerciantes deixariam de vender os seus produtos. Susana Silva, colaboradora remunerada no Centro Comercial da Serra, sente-se indignada e descontente quando isto acontece. Para além dos comerciantes também os turistas acabam por sentir o mesmo quando percorrem inúmeros quilómetros e ficam impedidos de aceder ao ponto mais alto da serra. Em resposta à acusação que os mesmos fazem por falta de meios, o bombeiro responsável pelo comando, António Barata, explica como são feitos os cortes, em que circunstâncias e salienta que os mesmo são feitos apenas por uma questão de segurança.
Nos dias seguintes a neve que restou do nevão funciona como um apelo à visita dos turistas, que aproveitam para praticar esqui e snowboard. O nevoeiro desaparece, o sol irradia luz e avista-se um manto branco, até perder a vista no horizonte. Pedro Matias, instrutor na estância Vodafone, considera que o número de visitantes aumenta significativamente nestes dias. Ao contrário do que se pensa, o facto dos acessos a este maciço de neve serem cortados quando existem fortes nevões, não pode ser atribuído à falta de meios, mas sim à preocupação em preservar a segurança de todos.