Sempre que chega uma nova equipa à AAUBI parece ser certo o discurso de contas em atraso, dívidas crescentes e falta de condições em trabalho. Lénia Pereira, a actual responsável pela “Casa Azul”, leva apenas um mês na condução da AAUBI, e parece não ter motivos para mudar o discurso dos antecessores. Bem pelo contrário, a situação encontrada pela aluna de Sociologia é de tal forma grave que a actual presidente vai solicitar ajuda aos alunos e à reitoria da UBI para tentar avançar com os assuntos mais prementes.
Na passada semana as dívidas dos estudantes chegavam aos 60 mil euros, mas bastaram alguns dias para receberem mais pedidos de pagamentos de contas e segundo Lénia Pereira, “por aquilo que sei até ao momento, estão por pagar cerca 70 mil euros”. Uma das situações mais graves, garante a nova responsável, é a dos três funcionários. Com a marcação de eleições e período transitório, os trabalhadores da “Casa Azul” ficaram sem vencimento. Numa situação limite “acabou por ser a reitoria da UBI a desbloquear verbas para a associação que permitiu o pagamento do mês de Novembro”. Todavia, o problema é de tal ordem que os funcionários estão por receber o ordenado do mês de Dezembro e o subsídio de Natal”.
As notícias de falta de pagamento não acabam por aqui. Lénia Pereira está agora a receber as contas da passada Recepção ao Caloiro. “Ainda esta semana os fornecedores de bebidas nos solicitaram o pagamento de 11 mil euros”, montante deixado por pagar pela anterior Comissão de Gestão. A estas acrescem-se, segundo Pereira “quase todos os pagamentos, porque aparecem contas de gráficas, de promotores, de vários locais”. Uma situação que parece não ter controlo até porque “assim que tomei posse solicitei a documentação aos responsáveis pela comissão de gestão, mas até agora ainda não me foi entregue nada”. Lénia Pereira integrava já a lista de Pedro Venâncio e Rui Garcia. “Toda a gente sabia que existiam cerca de 50 mil euros nas contas da AAUBI”. O espanto da actual presidente “é total, quando se verifica que não existe dinheiro”. Pereira aponta o facto da última Recepção ao Caloiro “ter sido mal calculada” e os prejuízos parecem começar a aparecer.
A reitoria da UBI e alguns subsídios, vindo essencialmente do Instituto Português da Juventude, “têm servido para manter as coisas”. Mas neste momento, “tudo isto está a chegar um ponto muito difícil, mas temos de fazer o que for preciso para contornar a situação”. Na próxima semana a principal responsável vai solicitar o apoio à comunidade académica. A reunião magna dos estudantes, que estava marcada para hoje, acabou por ser adiada. “Existem obras a decorrer na sede, sobretudo na zona do bar e do auditório, mas a empresa decidiu para com a empreitada porque não recebeu os pagamentos acordados”, acrescenta. Mais um ponto na lista de pedidos que Lénia Pereira apresenta agora à reitoria.
Os últimos dividendos que entraram nas contas da AAUBI “serviram para pagar as multas da Autoridade para as Condições do Trabalho e também das Finanças”. Já um outro caso, também herdado da comissão de gestão ganha contornos, no mínimo, estranhos. Os membros da comissão de gestão deram início a uma acção judicial relativa ao gestor da AAUBI que agora pode acabar com a própria associação a arcar com as custas do processo. Isto porque “não temos dinheiro para pagar ao advogado que nos representa, aliás, há trabalho que ainda não lhe foi pago”. Contactado pelo Urbi, Rui Garcia, presidente da comissão de gestão que dirigiu a AAUBI nos últimos meses, não se mostrou disponível para comentar os casos.