Uma das maiores metrópoles do planeta reúne diversas comunidades e também crenças religiosas. Nova Iorque acaba por ser um território onde se concentram comunidades de emigrantes vindas de todas as partes do mundo, que ali implementam as suas religiões.
A Universidade de Columbia, instituição académica localizada na cidade norte-americana, promoveu uma iniciativa cujo objectivo foi o de traçar um mapa onde se localizam as principais comunidades estrangeiras e as suas igrejas. No caso da comunidade brasileira, uma das principais, a academia nova-iorquina decidiu convidar um especialista estrangeiro. Donizete Rodrigues foi o investigador contactado pelo Departamento de Religião da Columbia University. Durante um ano a desenvolver trabalhos de campo naquela cidade americana, o docente da academia beirã vai agora apresentar parte dos resultados num livro de carácter científico, que está a desenvolver.
A equipa de investigadores onde Rodrigues também esteve presente conseguiu traçar “um mapa detalhado da localização das principais comunidades estrangeiras residentes naquela cidade, dos seus cultos e crenças religiosas, número de igrejas, praticantes, entre outros aspectos”. Trabalhos que servem de base a muitos outros estudos de diferentes áreas, mas que acima de tudo, “servem para uma maior compreensão do fenómeno migratório”. Um projecto que teve também como objectivo “identificar os locais onde residem as minorias étnicas e religiosas na área metropolitana de Nova Iorque. A ideia era construir um mapa religioso de todo esse território”.
O sociólogo avança com algumas conclusões que passam “por um universo de emigrantes brasileiros muito superior ao que estava previsto inicialmente”. Algo que tem repercussão “nas 210 diferentes igrejas evangélicas que existem naquela área”. Para além da identificação das igrejas houve ainda uma localização exacta desses pontos de culto. No mapa agora criado “existe uma área muito específica na zona de Queens, que é Astória, é aí onde se encontram as maiores concentrações de igrejas evangélicas brasileiras. Mas na cidade há muitas mais. Por exemplo, existem oito em Manhattan, o que é imenso. Em Newark existem mais de 70 igrejas, o que é outro número impressionante”, reitera.
Um estudo semelhante ao agora desenvolvido pelos investigadores sociais vai ter lugar à escala global. “The Exporting of Latin American Pentecostalism and Catholic Charismatic Renewal” é a nova etapa nas investigações. Uma actividade internacional, desta vez, coordenada pela Universidade de Waterloo, no Canadá, mas também com as universidades da Califórnia, Texas, a Columbia e Harvard. Donizete Rodrigues foi o investigador convidado a analisar o Brasil, os Estados Unidos da América, mas também diversos países europeus, nomeadamente Portugal. “A ideia é estudar a emigração brasileira e as igrejas evangélicas e outros movimentos religiosos, como os afro-brasileiros e outros, no mundo inteiro”, começa por explicar o investigador que esteve um ano em Nova Iorque, no âmbito da sua licença sabática. “Vou dar contributos nos Estados Unidos, Brasil e Portugal. No caso português, ganha-se uma relevância maior devidos a vários factores. A comunidade brasileira, em Portugal, é a maior das comunidades estrangeiras. Para além disso assiste-se também ao facto de Portugal servir, para muitos, como porta de entrada para a Europa, sobretudo para brasileiros que entram por Portugal e vão para Inglaterra, Bélgica, Itália, entre outros países”.
O docente de Sociologia da UBI é também visitante convidado da instituição de ensino nova-iorquina. Sublinha que a ligação a esta instituição e mais recentemente também à Universidade de Harvard, aconteceram “devido à publicação de trabalhos científicos em títulos de referência”. Alguns dos trabalhos na área da sociologia das religiões “integraram obras inglesas com impacto no meio académico”. Daí que Donizete Rodrigues tenha sido contactado pelos americanos. Para o docente e investigador esta é uma prova de que a publicação é cada vez mais necessária. Mas, acrescenta Rodrigues, “não basta publicar, é necessário ter noção do que se está a publicar e onde”. Durante o período em que participou no projecto “Brazilian Immigrants and Pentecostalism in New York City”, foi convidado a participar numa edição de vários trabalhos científicos. É nesse momento “que se dá conta do impressionante o grau de exigência neste tipo de meios, bem maior do que na comunidade académica europeia”, acrescenta.