Na sequência das presidenciais do próximo ano, os responsáveis pelos mestrados em Jornalismo e Ciência Política e Relações Internacionais, em conjunto com as licenciaturas em Ciências da Comunicação e Ciência Politica e Relações Internacionais, organizaram o ciclo “Presidenciais 2011 – os candidatos em discurso directo”, para o qual convidaram os cinco candidatos presidenciais.
O primeiro candidato a aceitar o desafio proposto pela UBI foi Manuel Alegre. Depois de ter formalizado a sua candidatura, na parte da manhã, no Tribunal Constitucional, viajou até à Covilhã para responder às perguntas colocadas por dois jornalistas convidados: Luís Baptista Martins, director do jornal O Interior, e Paulo Pinheiro, chefe de redacção da Rádio Cova da Beira. O evento moderado pelo professor André Barata teve lugar na passada quinta-feira, dia 9 de Dezembro, no Anfiteatro de Sessões Solenes da UBI, pelas 15 horas.
A iniciativa contou com uma plateia recheada de jovens universitários que durante uma hora deram ouvidos a temas como a situação de Portugal e da Europa, o desemprego e a precariedade entre os jovens. A ideia, como referiu o docente André Barata, “é por a UBI ao serviço da sua região e trazer os debates, que são realmente decisivos para o País, até à Covilhã”.
Manuel Alegre mostrou-se preocupado com a situação de Portugal e foi directo naquilo que quis transmitir explicando a razão da sua candidatura: “Eu candidato-me à Presidência da República pela convicção de que é preciso uma alternativa na presidência, não uma alternativa para governar mas uma nova visão estratégica de Portugal perante si mesmo, perante a Europa e perante o mundo”, defendeu o candidato, pois considera que o País está “ameaçado pela especulação que afecta a sua divida soberana e que põem em causa a autonomia e decisão da própria soberania nacional”.
As eleições, no próximo dia 23 de Janeiro, serão o acto que decide o futuro da Presidência da República. Por isso Manuel Alegre alerta para a importância desta decisão: “Eu não me candidato para defender ou pôr abaixo este governo. Mas se eu for escolhido, qualquer governo que ponha em causa o Serviço Nacional de Saúde, ou a escola pública, ou a segurança social, terá a minha oposição”, referiu o político.
Para Manuel Alegre nas eleições o que estará em causa não é só o futuro do País, mas também o futuro dos jovens: “Nós podemos congelar pensões, mas não podemos congelar o futuro da juventude, nem permitir que a juventude viva na situação de precariedade em que está”, pois para o candidato um país onde os jovens se sentem inseguros e têm o seu futuro ameaçado “é um País que tem a sua democracia e futuro também ameaçado”.
Alegre também motivou os jovens para a rebeldia perante a situação de “precariedade absoluta” que enfrentam, pois para o socialista a democracia tem de garantir o futuro aos jovens e o seu direito à vida, defendendo um “lugar ao sol para a juventude”.
Manuel Alegre criticou ainda o actual Presidente da República, Cavaco Silva, defendendo que Portugal não precisa necessariamente de um professor de economia, “aliás isso não serviu de nada, foi uma ilusão, porque o presidente criou a ideia de que por ser um economista ia resolver os problemas do país “, comentou o candidato. Chegou mesmo a dizer que Cavaco Silva “na hora da crise faltou à chamada, pois não desempenhou a sua função de mediador político entre as diferentes forças políticas”.
No final da entrevista ainda houve tempo para a plateia colocar questões ao candidato. Edgar Valente, aluno do primeiro ano do curso de Ciências da Comunicação, colocou uma questão do interesse da maioria dos jovens: “Acha que o país precisa de licenciados para estatística ou licenciados que estejam preparados e tenham qualidade para a mão-de-obra no mercado de trabalho?” Manuel Alegre respondeu afirmando que o principal desperdício é o desemprego dos jovens, mas defende que a escola pública tem de ser exigente e preservar a qualidade.