Filipe Albuquerque, o mais recente vencedor da “Race os Champions” foi um dos pilotos que veio até Gouveia falar sobre o desporto automóvel. Parta além do piloto de velocidade estiveram na localidade serrana César Campaniço e Francisco Carvalho.
Esta sétima edição da Conferência de Gouveia colocou, uma vez mais, pilotos e adeptos trocaram experiências questões e dúvidas práticas sobre o mundo automóvel. Uma das principais conclusões, transversal aos três oradores convidados, é a de que “para pilotar e integrar campeonatos automóveis não basta saber conduzir, mas também é necessário ter dinheiro e lobbies”. A decorrer sobre o tema “Portugueses na Velocidade Internacional”, os três pilotos internacionais de velocidade foram unânimes em realçar o valor do dinheiro e dos “lobbies” nas provas por onde passam e vencem, a nível internacional. Neste evento falaram ainda das dificuldades em encontrar patrocinadores, “sobretudo se forem de um pequeno País como Portugal, mesmo quando os pilotos são reconhecidos internacionalmente”, acrescentam.
César Campaniço, campeão de Turismo em Portugal e Espanha, disse mesmo que “somos um País pequeno, muito bonito e bom para passar férias, mas quando se fala em qualquer tipo de disciplina automóvel os interesses estão acima de tudo. É muito complicado os pilotos conseguirem evoluir só pelo talento. Alguns conseguem, mas por portas travessas, e a nacionalidade ajuda muito”.
Filipe Albuquerque, vencedor, há dias, da Race Of Champions 2010 em Dusseldorf, na Alemanha, falou da contradição que existe na procura, “por um lado, de pilotos jovens e rápidos, ou de outros mais velhos e experientes, mas onde o dinheiro é determinante na decisão”. Este panorama financeiro e político parece ter levado Filipe Albuquerque a pensar o seu futuro. O campeão dos campeões referiu que à medida que se foi aproximando da Fórmula 1, que antes era o seu sonho, verificou que afinal “não é tão bonito quanto isso. As pessoas pensam que quem está lá são os melhores e os que fizeram a diferença nas categorias anteriores. Infelizmente não é assim e hoje em dia está pior. O piloto que vem de uma nação diferente e com muito dinheiro vem com uma possibilidade. É preciso ser bom, ter alguns bons resultados, mas há muitos pilotos que estão longe de merecer esse lugar. Têm o interesse político e o interesse a nível monetário que hoje em dia move mundos”.
Francisco Carvalho acrescentou ainda a necessidade de levar as provas ao público, e de lhes juntar outras mais-valias, como feiras e eventos, sobretudo num país de pequena dimensão como Portugal.
A evolução como pilotos, os carros conduzidos mais e menos amados, o aparatoso acidente de Francisco Carvalho, o pouco mediatismo em Portugal dos pilotos nacionais no estrangeiro foram outros tópicos deste debate.
Luís Celínio, presidente do Clube Escape Livre, considera que esta 7ª Conferência de Gouveia “correspondeu aos objectivos de dinamização do Museu da Miniatura, que todos os pilotos e convidados ficaram a conhecer, e permitiu ouvir na primeira pessoa credenciados pilotos abordar temas actuais do desporto automóvel”.