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A biodiversidade na Troca de palavras com
Ana Pereira · quarta, 1 de dezembro de 2010 · O Homem no dia de hoje é um problema. Consegue destruir tudo, incluindo a si mesmo. Foi assim que Fernando Correia definiu a relação entre homem e biodiversidade na sociedade actual |
Fernando Correia na sua intervenção na Biblioteca Municipal da Covilhã |
21982 visitas A Biblioteca Municipal contou este mês com mais uma "Troca de palavras comŠ" desta vez intitulada pelo tema biodiversidade. Na passada quinta-feira, foi a penúltima tertúlia cultural deste ano. O orador convidado foi o professor e biólogo Fernando Correia. Este académico definiu biodiversidade como "as diferentes formas de vida". Na sua intervenção o biólogo começou por explicar as formas orgânicas e as múltiplas maneiras de ilustrar, obtendo informação de base essencialmente através do contacto directo e indirecto (livros, filmes, etc) com so espécimes. Iniciou a sua carreira a praticar ilustração científica de uma forma directa, através da investigação que desenvolveu durante a Licenciatura e Mestrado. Nos dias de hoje, a base para o iniciar do seu trabalho gráfico em comunicação e divulgação da Ciência é essencialmente a fotografia, muito embora «a ilustração seja a componente de maior de peso e importância» acrescenta o biólogo. O professor mostrou ainda, exemplos de animais e plantas através de imagens e representações da sua autoria. Aves, plantas, invertebrados, peixes, anfíbios e répteis, foram alguns dos exemplos. Nesses exemplos foram abordadas as características diagnosticantes que deveriam ser figuradas, na representação em desenho da anatomia externa e interna (desde o sistema respiratório ao sistema digestivo, etc.). Pegando numa ilustração de uma coruja-das-torres e de toda a coumunidade de animais que a podem parasitar o convidado realçou o facto de "os animais são como uma cidade, uma autêntica aldeia global", onde todos interagem com todos. De seguida e recorrendo ao exemplo da inusitada e estreita ligação dos lobos (carnívoros) com as plantas das galerias ripícolas, em Yellow Stone (EUA) mostrou que esta ideia começa a ser uma realidade no entendimento da biodiversidade. Acrescentou ainda Fernando Correia: " O nosso mundo é uma teia interligada, "e o ser humano ao eliminar uma determinada espécie, não só vai promover a extinção dessa espécie mas potencialmente influenciar a de muitas outras que dependem essa espécie, directa ou indirectamente" alertou. Em relação ao aspecto de ilustrar a biodiversidade extinta e contemporânea, Fernando Correia defende que, «a ilustração científica assume uma responsabilidade de honestidade e credibilidade». Segundo o orador, a ilustração científica surgiu «há milhares de anos atrás, através da observação directa e da pintura rupestre" e mais tarde, "os desenhos passaram a ser ditados». Já em Portugal existe desde o séc. XV, desde a época dos Descobrimentos. No debate lançado depois da exposição do convidado, foram levantas questões como os produtos transgénicos, a utilização de herbicidas e pesticidas na prática da agricultura, assim como os fertilizantes químicos. O orador lembra apenas que "não vivemos isolados, e a tendência que temos de exterminar primeiro e perguntar depois diminui drasticamente a probabilidade de sobrevivência humana" e a acrescentou " a ignorância pode matar". A sensibilização não chega embora seja um princípio. São precisas outras intervenções e tudo começa na Educação - afirmou. Fernando Correia, biólogo e mestre em Ecologia Animal da Universidade de Aveiro, é ilustrador profissional há 22 anos. Para além de ter recebido vários prémios dentro e fora de Portugal, foi também pioneiro na reintrodução da Ilustração Científica enquanto disciplina curricular do Ensino Superior Moderno no País. Possui mais de 150 obras, entre livros e artigos publicados, e um extenso currículo. Fez a sua especialização na área da Biologia, mais precisamente na Ilustração Cientifica. O seu trabalho incide principalmente na comunicação e divulgação da ciência na forma da imagem, ou seja,desenvolve projectos para museus, empresas, parques naturais, fundações, editoras, etc. A tertúlia cultural organizada pela Biblioteca Municipal da Covilhã em parceria com a câmara municipal decorre todas as últimas quintas-feiras de cada mês. |
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