Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Um café literário poético
Sara Figueiredo · quarta, 24 de novembro de 2010 · Mar de Peniche, Praça das Flores, Motoristas Oficiais e Pendura de Padre, foram apenas alguns dos poemas que ecoaram, pela noite de terça-feira, no Café Centro Cívico da Covilhã que se encheu de pessoas. |
Café Literário com Armando Silva Carvalho |
22013 visitas O escritor Armando Silva Carvalho, um poeta de reconhecido mérito, foi o convidado do Café Literário realizado dia 16 de Novembro no Café Centro Cívico da Covilhã, onde anunciou ter recebido, no passado Sábado, o prémio de poesia Teixeira de Pascoaes pelo recém-publicado livro, “Anthero, Areia & Água”. De acordo com o escritor, “a grande façanha da obra é a existência de uma terceira personagem que nem é Anthero de Quental nem Armando Silva Carvalho, mas sim um heterónimo”. Para Manuel da Silva Ramos, escritor covilhanense a quem coube apresentar o autor e as suas obras, o evento organizado pela Câmara Municipal da Covilhã pretende “animar o centro da cidade, ao mesmo tempo que se fala de cultura e se trazem até cá escritores portugueses consagrados”. Explica ainda que a vinda do poeta à Covilhã “trouxe consigo uma forte mensagem literária. A de que a poesia está viva em Portugal e que, actualmente, se vive no nosso país a idade de ouro da Literatura Portuguesa”. Numa apresentação acerca do escritor e obras da sua autoria, moderada por Manuel da Silva Ramos, foram feitos elogios à qualidade do poeta, definindo-se algumas das características gerais da sua poesia. “Há nela um terrível curto-circuito, lírico satírico sobre a realidade, uma exposição franca e honesta da sexualidade e um reflexo de imagens soberbas num país chamado Portugal”. O moderador do Café Literário ainda sublinha a “notória beleza e inquietação, visível até na capa de Anthero, Areia & Água”, uma obra que considera “trivial e metafísica, que fala dos portugueses e tem subjacente a infelicidade”. Manuel da Silva Ramos refere que “a surpresa engrandece no avançar da leitura do livro”. O Café Literário que começou às 21h30 foi marcado pela grande adesão de pessoas e pela interactividade, através do diálogo que proporcionou no poeta alegria e boa impressão. “As pessoas normalmente ficam apáticas e não intervêm. Este evento não foi nada formal, o que fez com que houvesse da parte das pessoas uma grande participação. Viu-se que as pessoas não vieram só por vir, houve interesse, elas intervieram, ouviram e discutiram e isso para mim foi muitíssimo agradável”. Nesta fase da vida, Armando Silva Carvalho considera-se mais poeta que ficcionista pelas obras que escreve. Admite, no entanto, ter vergonha de falar sobre a sua poesia por uma questão de pudor. Tal como explica “o acto poético é parte de uma situação intima que é entre mim e eu próprio, por isso é-me muito difícil de aguentar essa objectivação de mim e dos meus textos, como autor, perante um público que por uma ou outra razão estão a falar dos meus poemas”. Satisfeita com o Café Literário, Teresa Duarte Reis, escritora covilhanense, atribui importância ao evento ao dizer que “a poesia é uma maneira de comunicar muito especial, através da qual se fala da vida pessoal, mas também da vida política e social”. No final Armando Silva Carvalho adianta informações acerca da feitura de um livro, sem grandes detalhes. “É um livro, em princípio, que fala do amor em geral, nas suas modalidades mais difíceis ou mais singulares”. O próximo Café Literário está já marcado para dia 14 de Dezembro. Manuel da Silva Ramos afirma que “o local ainda não está pensado” e que “o nome do convidado é, por enquanto, segredo”. |