Filipe Crawford, Nádia Santos e João Sousa estiveram no passado sábado, dia 13, no auditório do Teatro das Beiras, da cidade da Covilhã, para interpretar uma adaptação de uma novela de Roland Dubillard, “Confissões de um fumador de tabaco francês”.
No sétimo dia do Festival de Teatro da Covilhã, o encenador e também actor principal Filipe Crawford, apresentou na primeira pessoa, durante os 90 minutos que esteve em palco, a história de um fumador que queria desesperadamente deixar o vício do tabaco. Ao som de um clarinete tocado por João Sousa, Crawford serviu-se da comédia e da dança ao estilo cabaret (expressada por Nádia Santos) para ilustrar a semana de abstinência de tabaco a que o personagem se sujeitou.
O protagonista troca os cigarros por um diário onde documenta todo o seu período de privação, divagando entre pensamentos delirantes e histórias do seu dia-a-dia com Beatriz, a mulher que ele diz não desejar mas que no final se torna a razão do seu regresso ao vício de fumar. Continua, no entanto, o seu diário, mas desta vez sempre com um cigarro entre os dedos que ditará, no final, a sua morte por um cancro do pulmão.
Sobre o porquê de mais uma adaptação de um trabalho de Roland Dubillard, o encenador Filipe Crawford diz que, “era uma das coisas que tinha já pensado fazer já há uns anos, pois acho o texto muito interessante e original, mas principalmente porque se trata de um tema que se mantém actual. Tinha esta ideia e de encená-la em vertente de cabaret e esta foi a altura ideal, calhou ser agora.” Já sobre a sua interpretação e relação entre ele e o personagem, Crawford responde entre risos que “também existe este problema de fumar, assim como a muita gente. Tento aproximar-me da figura intelectual e filosófica que o personagem representa. Mas eu não sou assim, felizmente, ou não dormia.” Filipe Crawford não descarta a hipótese de voltar a trabalhar textos de Dubillard num futuro próximo mas, “para já não”.