Inserido no festival “Contra Dança”, subiu a palco na passada noite de 13 de Outubro, no Teatro-Cine, a peça “António Miguel”. Uma historia que conta com a interpretação de Miguel Pereira e António Tagliarini, dois actores que mostram sem restrições a identidade de duas personagens, que podem ser a mesma ou que influenciando-se criam novos imaginários.
A ideia deste espectáculo surgiu quando Miguel Pereira se questionou sobre o que realmente era: intérprete ou criador. O autor afirma que esta peça é muito sobre o espectáculo e a exposição, “é como se fosse um solo, mas com duas pessoas em palco”. Esta interpretação já conta com dez anos “o que a torna muito importante para nós, porque é um espectáculo que joga com os limites do convencional”, revela Miguel Pereira.
Para o intérprete a nudez das personagens revela “a libertação que o espectáculo pode permitir, o verdadeiro corpo sem tabus, mas de certa forma é uma crítica às sociedades em que vivemos, que criam repressões”. Miguel acrescenta ainda que não cria espectáculos para chocar ou transgredir. ”Não sou provocador, interessa-me sim jogar com os elementos que já existem e tento dar-lhes outra volta e mostra-los de outra maneira”, confessa.
Esta peça pretende jogar com aquilo que é convencional no teatro e com a exposição sem tabus. ”Assumo que gosto desta convenção que é o teatro, mas ao mesmo tempo eu quero subverter a lógica e as regras em que este teatro está construído”, conta o actor.
Um espectáculo sem música, mas onde os corpos nus dançaram ao ritmo da respiração dos intérpretes, onde as personagens se deram a conhecer sem restrições e onde as frases soltas fizeram rir toda a plateia.