As relações culturais entre Portugal e África voltam a estar em destaque na UBI. Nos dias 26 e 27 de Outubro, a academia covilhanense torna-se o centro do debate das diversas ligações entre estas culturas.
Literatura, cinema, pintura, jornalismo, ensaismo e historiografia são apenas algumas das áreas que vão ser abordadas. Cristina Vieira, docente do Departamento de Letras, começa por explicar este incremento de temas. Na organização do II Congresso Internacional Relações Culturais Portugal África, a UBI contou com o apoio do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto. A ligação institucional e o sucesso da primeira edição repercutem-se no evento deste ano “através da presença de muitos mais intervenientes e da representação de todos os países trabalhados”.
Cristina Vieira espera conseguir com este evento “criar uma iniciativa com carácter bienal”. Para isso houve o cuidado de “alargar temporalmente o debate e diversificar as áreas culturais abordadas”. Um crescimento que ainda assim teve de ser contido “por restrições orçamentais”. Mas Cristina Vieira destaca a presença de autores, investigadores, estudiosos e artistas de todos os países que vão ser debatidos. A título de exemplo “temos alguém que representa a pintura, como é o caso do Malangatana, um dos grandes nomes da pintura africana, no cinema, está confirmada a presença do realizador cabo-verdiano, Leão Lopes, de quem vamos ouvir uma conferência e exibir um filme “O Ilhéu de Contenda” e de dois outros cineastas; a portuguesa Regina Guimarães e Saguenail, que trazem um cinema mais alternativo, que vão também realizar uma palestra e exibir um documentário, “Sabores”, sobre uma realidade transmontana”.
Para falar sobre o campo da literatura, nestas jornadas que pretendem abordar os mitos e realidades vivenciais e artísticas da cultura luso-africana, foi convidado o poeta, romancista e músico, Valter Hugo Mãe, vencedor do Prémio José Saramago 2007, Manuel Santos Lima, um dos mais conhecidos poetas angolanos e Francisco Noa, da nova geração de escritores do continente africano. A docente do Departamento de Letras da UBI, que organiza este evento espera conseguir “mostrar as ligações entre os valores culturais lusófonos e os valores culturais portugueses”. Cristina Vieira destaca ainda a presença de “grandes ensaístas como Pires Laranjeira e Inocência Mata”. Esta responsável pela dinamização do evento confessa que “existe já um entusiasmo interno que também se pretende transmitir para fora, para toda a comunidade”. O objectivo geral destes encontros passa por criar raízes, de modo a que “seja um hábito, perante o qual a ausência seja notada e lamentada”.
Mas para além do contexto cultural, a temática da lusofonia e a relação com África deve ser encarada com diferentes perspectivas. “Tal como em política, a estratégia de Portugal não pode passar só pela Comunidade Europeia, mas também pela sua faceta transatlântica, nós também, na nossa universidade, não podemos esquecer esse eixo histórico, até pela comunidade que nós temos aqui”, reitera.
Esta diplomacia cultural pode servir, acima de tudo, para quebrar barreiras e entraves, desfazer mitos e estreitar relações. Num congresso que conta também com actividades paralelas como exposições de pintura e exibição de filmes, os colóquios são abertos a todos os interessados e decorrem no Anfiteatro da Parada, no Pólo I da UBI.