Francisco Pinto Balsemão recebeu a mais alta insígnia académica atribuída pela UBI. O novo doutor Honoris Causa pela academia covilhanense foi o principal convidado da abertura solene do ano académico. Um prémio atribuído “pela obra desenvolvida em prol da comunicação social portuguesa, mas também pela consolidação de uma democracia livre e plural no nosso país”, diz João Queiroz, reitor da UBI.
Foi precisamente sobre o papel desempenhado por Pinto Balsemão, quer no período da ditadura do Estado Novo, quer já no pós-25 de Abril, que António Fidalgo, padrinho do novo doutor, falou. O professor catedrático da Faculdade de Artes e Letras da UBI sublinha que “Francisco Pinto Balsemão encarna as contingências e vicissitudes dos princípios da liberdade de expressão e imprensa”. Um homem que ganhou um estatuto próprio “ao confrontar a ditadura e as ondas de choque do PREC, lutando pela liberdade de expressão”. “Estamos por isso, perante um dos mais reputados senadores da democracia portuguesa”, atestou Fidalgo.
Na sua intervenção, como padrinho do novo doutor, o docente da academia covilhanense também ligado à Comunicação Social, lembrou a importância da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, condições universais “que marcam a diferença entre a humanidade e a barbárie”. Condições pelas quais a luta tem de ser séria e constante, até porque, “a aplicação destas liberdades no dia-a-dia requer esse zelo”. Foi todo um percurso de vida que António Fidalgo lembrou durante a sua intervenção, atestando a fundamentação deste doutoramento. O papel que Balsemão desempenhou na “Primavera Marcelista”, ao ser candidato à Assembleia Nacional pelo distrito da Guarda, mas também, a sua coragem em lançar o jornal Expresso, ainda durante o regime. Jornal que hoje tem “um estatuto único na imprensa”, muito graças ao facto de ter sido “um dos principais responsáveis pela anti-sovietização do País. Se a loucura que percorreu Portugal no PREC não foi maior, isso deve-se ao Expresso”, sublinha o catedrático.
O novo doutor, que por causa deste prémio regressou às suas origens beirãs agradeceu “com profunda emoção”. Lembrou as suas passagens pela Guarda, as campanhas realizadas na região serrana e as gentes “forjadas no granito”, para sublinhar que “tudo passa pelo que somos e queremos ser. O presidente do Grupo Impresa aproveitou o momento para falar no papel que a UBI tem desempenhado, “um papel relevante na defesa da identidade do território onde está implantada e no desenvolvimento da mesma”. Um trabalho que tem passado pelo encetar de parcerias com entidades exteriores, como é o caso da primeira estação de televisão privada portuguesa, a SIC.
Na academia beirã, funciona há já 12 anos uma delegação da SIC. Para além de apoiar na visibilidade desta zona, através da antena da cadeia televisiva, a UBI tem formado jornalistas que integram hoje os recursos humanos daquela empresa. Pinto Balsemão lembra que “o funcionamento da delegação da SIC na Covilhã tem permitido realizar uma ampla cobertura informativa e assim dar destaque à Região, projectando as suas actividades no quadro nacional e também no mundo pelos canais da SIC Internacional, da SIC Notícias e da SIC Online. Através deste acordo foi, além disso, possível manter, ao longo dos anos, uma política de frequência de estágios regulares de alunos finalistas, tanto na redacção da SIC, em Carnaxide, como na redacção do Porto”. O presidente do Grupo Impresa lembrou mesmo que “alguns dos alunos da UBI foram integrados no grupo SIC, como colaboradores. É o caso de Anselmo Crespo, Ana Moreira e Filipe Silveira. A própria correspondente da SIC na Covilhã, Patrícia Figueiredo, formou-se nesta universidade”.
Lamentou contudo, o facto de “continuarmos com um País a duas velocidades”. O antigo primeiro-ministro refere que muito foi conseguido em Educação, Saúde e Cidadania, “mas o fosso entre a Beira e a faixa costeira ainda é chocante”. Confessou mesmo que “até na informação, parece existir um trabalho de primeira, para o litoral, e de segunda, para o Interior”. Uma opinião expressa "por quem sempre lutou pela livre opinião, até porque, é a palavra e o carácter que distinguem os homens”, acrescentou António Fidalgo.