Falta dinheiro para quase tudo no Unidos do Tortosendo. Mas os responsáveis da colectividade que, como tantas outras, já se habituou a sobreviver com escassas verbas até vai fazer um “autêntico jogo financeiro” para continuar com as suas actividades desportivas.
Contudo, para além da falta de verbas e de apoio das entidades oficiais, “temos tido sempre a ajuda de diversos empresários”, diz o responsável do Unidos; o que veio agravar o problema “foi a falta de diálogo com a Câmara Municipal da Covilhã”. Paulo Bicho, presidente da direcção da maior colectividade do Tortosendo enviou uma carta ao presidente da autarquia serrana e também ao presidente da junta de freguesia local. O presidente do Unidos garante que “desde o início do ano que as entidades foram contactadas no sentido de nos receber e lhes ser apresentado o nosso programa de actividades”. Os vários pedidos de reunião, “sobretudo no que diz respeito à Câmara da Covilhã, ainda não tiveram resposta”.
A suspensão provisória das actividades serve agora como “forma de alerta a todos, não só entidades públicas, como população, da situação que a colectividade atravessa”. São muitos os torneios onde as diversas equipas de atletas que defendem a camisola do Unidos do Tortosendo participam, “o que representa um encargo financeiro para o clube, bastante grande”. Por isso mesmo, “na última reunião de direcção do Unidos F.C. Tortosendo foi deliberado a suspensão de todas as actividades desportivas. Esta decisão vem no seguimento de ausência de resposta das entidades públicas do nosso concelho e freguesia, nomeadamente da Câmara Municipal da Covilhã e Junta de Freguesia do Tortosendo”, diz a missiva. Uma atitude “extrema, que esperamos vir a revogar assim que nos forem garantidas ajudas”, acrescenta o presidente da colectividade.
Paulo Bicho lembra que todos os anos o Unidos conta com um apoio “na ordem dos dez mil euros”, que vem da autarquia serrana. Este ano, com 130 desportistas dos seis aos 25 anos, em actividade nas diversas modalidades do clube, “ainda não foram disponibilizadas verbas, nem sequer uma reunião de trabalho para tentar ajudar”, remata.
“Sabendo das dificuldades por que passam todas as instituições é para o Unidos insuficiente os apoios de patrocinadores, quotização dos sócios e encarregados de educação dos atletas. Não havendo apoio financeiro por parte das entidades públicas responsáveis pelo nosso concelho e freguesia, entende esta direcção não existirem condições para continuar o projecto desportivo que se iniciou há 15 anos e que tanta projecção e conquista tem dado a este concelho e nomeadamente ao Tortosendo”, pode também ler-se na carta endereçada a Carlos Pinto e Carlos Abreu, presidentes da Câmara da Covilhã e Junta do Tortosendo.
Ao Urbi Paulo Bicho explicou que esta “não é uma posição definitiva”, até porque os membros da direcção mostram confiança na resolução deste ponto. A garantia de apoio financeiro e uma melhor ligação às entidades parecem ser passos a tomar no sentido de resolver o problema.
Ontem mesmo, a carta aberta teve resposta da Junta de Freguesia do Tortosendo, através de um comunicado enviado às redacções. Os responsáveis por aquela autarquia local começam por classificar o teor da missiva do Unidos como algo que “em nada corresponde à verdade”, para depois explicarem os vários apoios que têm sido prestados à colectividade. Apoio “sempre prestado ao UFCT, em duas vertentes: financeiro directo (atribuição de subsídio) e financeiro indirecto (a autarquia assume directamente custos das actividades do UFCT)”. A título de exemplo, a Junta do Tortosendo garante que “para a época 2010/2011 não é verdade que tenha havido ausência de resposta da JFT e CMC, tendo havido diversos contactos” e que está mesmo assegurado um apoio financeiro para a presente época. A junta recorda que “foi cedida ao UFCT a exploração da Piscina do Tortosendo que se traduziu num apoio financeiro de 7.393 euros”. É também em ligação com aquela colectividade que a autarquia tem organizado o Campo de Férias de Verão “desta actividade resultou um lucro líquido, em 2010, de três mil euros”.
Apresentados números da junta, seguem-se os da edilidade, que no comunicado garante ter injectado no clube tortosendense, desde 1998 até 2010, 228.880,20 euros de subsídios. O comunicado da junta, não assinado, avança ainda com a garantia de que, “só em 2010 o Unidos já foi apoio com 15.393 euros”. Um carta que termina com o lamento pela utilização “do nome da Junta de Freguesia de Tortosendo e da Câmara Municipal da Covilhã para justificar a suspensão da actividade de 130 desportistas, quando estas entidades continuam a apoiar as actividades culturais e desportivas do UFCT”.