Urbi@Orbi – Uma das mais recentes mudanças nos Serviços de Acção Social da UBI adveio da publicação do seu regulamento. Como define este documento?
João Leitão – Os Serviços de Acção Social recentemente viram publicado o seu novo regulamento orgânico que basicamente cria duas novas divisões e consubstancia uma profunda mudança organizacional: a divisão administrativa e a divisão de apoio social. A primeira mais ligada a áreas de administração pública, como o expediente e pessoal, a parte de economato, a parte financeira e orçamental e tem uma inovação em termos de organização que é exactamente um sector para os sistemas de informação e gestão e isso visa fundamentalmente assegurar o funcionamento de duas plataformas que já adoptamos no espaço de um ano, designadamente a plataforma de gestão de bolsas da Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) e também a plataforma de compras públicas que já está amplamente difundida e a ser utilizada pelos Serviços Administrativos da UBI.
No que diz respeito à nova divisão de apoio social, ela contempla áreas como a alimentação e nutrição, exactamente com essa novidade. Contamos, em regime de outsourcing com o apoio de uma especialista nessa área que está a fazer um trabalho exemplar no redesenho das ementas, criação de opções saudáveis, controlo de peso, controlo da composição das ementas, sugestões de planos de comunicação internos, designadamente, a utilização de tabuleiros e a colocação de placard’s com informação sobre hábitos e consumos saudáveis; isso vai, obviamente, ter efeitos positivos ao nível da racionalização de custos e corrigir algumas deficiências em termos de hábitos e educação alimentares dos utentes quer dos bares quer das cantinas da UBI.
Urbi@Orbi – Vão portanto verificar-se mudanças na oferta existente ao nível da alimentação?
João Leitão – A nível das ementas, estão previstas para este ano, a introdução de ementas saudáveis, com disponibilização de frutas, que era uma necessidade que vinha sendo apontada e que tinha sido identificada pelos nossos serviços como forma de complementar a oferta existente.
Ainda ao nível dos estabelecimentos, vulgo cantinas e bares, implementámos recentemente uma rede de TPA’s, o que vai permitir, a partir deste ano lectivo, pagar com cartões multibanco nestes serviços, facilitando um encaixe de receitas. A principal inovação a este nível, não só em termos de organização, mas da própria acção social da universidade é a mudança da política que viemos encontrar. No passado, em diferentes cantinas e snack’s existiam preços diferenciados e em algumas das unidades não havia a disponibilização de uma refeição a preço social. A partir do próximo ano lectivo, em todas as cantinas e snack’s, vai haver pelo menos uma refeição disponibilizada a preço social. Acho que esta é uma inovação que deve ser sublinhada e é a expressão prática, para quem quiser entender, daquilo que é o verdadeiro significado da Acção social para nós, ou seja, servir melhor, com um novo sentido estratégico de responsabilidade social, e servir em condições que garantam a inclusão do número máximo de utentes, no âmbito de actuação dos Serviços de Acção Social, designadamente nas cantinas, nos snack’s e também no alojamento.
Urbi@Orbi – Ainda relativo às cantinas, já abriram novos serviços, nomeadamente nas Engenharias, mas estão ainda para abrir mais, é certo?
João Leitão – No passado mês de Junho inaugurámos um espaço no pólo das Engenharias. É um novo conceito de buffet, onde a um preço superior ao que é oferecido nos snacks e nas cantinas, é possível fazer uma refeição sem limite de consumo a 6,5 euros. É uma área que não tem a capacidade da atendimento das outras áreas, mas visa sobretudo criar condições para que as pessoas não tenham de sair da faculdade para fazer as suas refeições e é também uma diversificação da nossa oferta.
Para além destes pontos, a nova aposta assume-se também como uma forma de criar condições para que as pessoas possam ter acesso a uma refeição oferecida em excelentes condições, num espaço agradável e alternativo.
Dentro do plano de actividades para este ano temos também já identificado um espaço na Faculdade de Ciências da Saúde para se desenvolver um conceito análogo, que neste caso, dadas as potencialidades daquela área, terá um espaço maior e irá também funcionar em regime de buffet livre.
Urbi@Orbi – A UBI pode também vir a ter um restaurante a aberto à comunidade?
João Leitão – Está previsto em plano de actividades, designadamente a sua localização. É um restaurante que terá com toda a certeza condições únicas porque oferece uma vista panorâmica para a Cova da Beira. O projecto passa por localizar esse espaço na antiga sede dos Serviços de Acção Social. Uma estrutura destas só fará sentido se tiver um forte apoio ao nível do estacionamento, sendo que existe ali uma área contígua que irá ser aproveitada para esse fim.
Urbi@Orbi – E em termos de alojamento, quais as novidades?
João Leitão – Ao nível do alojamento há também novidades designadamente na reorganização das residências. Transformámos residências que eram usadas por utentes de um só sexo, em residências mistas. A motivação é colmatar algumas falhas que existiam ao nível de funcionamento e de segurança dessas mesmas residências e também dar resposta à procura, felizmente crescente, por parte das estruturas de alojamento da universidade.
Este é outro aspecto que merece ser sublinhado, até porque, falamos pouco na questão da internacionalização da universidade, mas estamos, de forma crescente a concretizar um movimento de internacionalização que tem expressão máxima no aumento substancial do número de alunos que estamos a receber, tanto por via do programa Erasmus como também por via das acções luso-brasileiras, do programa que funciona em conjunto com a entidade parceira financeira que é o Santander. Aumentou em muito, chega a um número muito próximo dos 150 estudantes deslocados, seja da Europa, seja do Brasil, na universidade, já no início deste próximo semestre lectivo.
Este é um dos tipos de acção que a UBI está a fomentar, que passa pela recepção de estudantes. E esse é um indicador importante, que é o de perceber qual é o saldo, quantos enviamos, mas sobretudo, quantos recebemos.
Urbi@Orbi – O próximo ano lectivo marca também o arranque de um conjunto de novas regras nas bolsas, de que forma a UBI se adaptou a essas alterações?
João Leitão – A questão das bolsas é sempre sensível. Operou-se uma grande mudança, ao nível da organização e da gestão do processo de candidatura à bolsa, toda ela trabalhada através da plataforma de gestão de bolsas.
Na passada semana, e garantindo a adequação ao novo regulamento nacional de bolsas, a Direcção Geral do Ensino Superior estabeleceu contacto com os alunos, através dessa plataforma, tanto por SMS, como por e-mail, informando daquilo que são os três novos blocos de informação que os alunos têm de disponibilizar e resubmeter a candidatura para ser considerada como válida. A partir desse momento, os nossos serviços têm 90 dias para apresentar uma resposta, desde que o processo esteja instruído na totalidade.
É uma inovação extremamente importante, porque vai reduzir substancialmente, o tempo de decisão face à atribuição ou não de bolsa, de acordo com os critérios de elegibilidade que estão previstos no novo regulamento e um outro aspecto, é o da possibilidade que os alunos vão ter, já à semelhança do ano passado, mas este ano implementado de uma forma mais ampla, a possibilidade de declararem e autorizarem o processamento das verbas devidas por contas de propinas e também, a novidade, por conta de alojamento, caso sejam candidatos a isso, através de débito directo, um instrumento que a UBI adquiriu junto da SIBS e que já está em plena utilização.
Urbi@Orbi – Para além de ser um processo mais rápido na atribuição de bolsas, é também mais justo?
João Leitão – O regulamento apresenta alterações substanciais, designadamente naquilo que são os patamares para a atribuição do valor de bolsa, que vai ter implicações no número de bolseiros desta universidade, introduz variantes na decisão, extremamente importantes naquilo que nos diz respeito, designadamente em ter o cruzamento da informação entre a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos e a Segurança Social. Vamos também aferir, com maior acuidade, aquilo que são os dados respeitantes ao agregado familiar declarado pelo aluno e também os valores do património, seja ele mobiliário, seja imobiliário.
Isto vai introduzir um sentido de justiça ao resultado final. Sem querer antecipar e embora a simulação que fizemos se reporte há já alguns meses, atrevo-me a afirmar que este novo regulamento vai permitir incluir e premiar os estudantes com maiores carências a nível económico e irá excluir aqueles que não têm carências dessa ordem.
Urbi@Orbi – Vamos ter mais ou menos bolseiros na UBI?
João Leitão – Em termos de simulação, essa é uma resposta difícil. Em termos absolutos, se fizermos uma análise “à la economista”, mantendo certos factores e fazendo alterar apenas um factor, o resultado esperado é que, mantendo a análise e utilizando dados históricos dos bolseiros do ano passado teríamos menos bolseiros no que diz respeito aos escalões mínimos de bolsa e mais bolseiros nos escalões máximos de apoio. Este é um sentido de justiça a referir.
Isto utilizando dados do ano anterior, porque ainda não sei qual a composição total da população académica que este ano vai accionar a sua primeira inscrição nos serviços. Os novos alunos podem ter uma origem económica e social diferente, e portanto, à semelhança do que tem vindo a suceder nos últimos anos, o número de bolseiros, os apoios sociais directos (bolsas) e indirectos (alimentação, alojamento, e actividades culturais e desportivas), em termos globais, tenderão a aumentar.
Quando se fala da Acção Social, não podemos fazer o raciocínio, única e exclusivamente, aplicado a bolsas. Temos de pensar noutro tipo de apoios e com a nossa realidade, também os auxílios de emergência que têm sido accionados através da integração e participação dos estudantes com carências comprovadas em actividades desenvolvidas pela Acção social.
Urbi@Orbi – Outra das grandes mudanças passa pela aposta num maior leque de complementos, como cultura e desporto. É uma política que vai continuar?
João Leitão – Ao longo do último ano temos vindo a apoiar de forma inovadora, diversas práticas no plano cultural, com destaque para o apoio dado às actividades do Grupo de Teatro Universitário da Beira Interior e outras de cariz cultural que venham a ser colocadas, seja por via da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), seja por via dos diferentes grupos que existem na universidade, a este nível, extremamente dinâmicos, na sua organização e iniciativas.
Já na parte desportiva estamos a reorganizar o planeamento das actividades. Obviamente que não nos vamos substituir à AAUBI, como fizemos um planeamento antecipado em Agosto, identificámos quais as actividades prioritárias a apoiar, as quais ultrapassam a dezena, e vamos organizar de forma profissional a oferta de treinadores e tutores para essas actividades.
Está também em fase de assinatura um protocolo com o Sporting Clube da Covilhã, em que a Universidade da Beira Interior, através dos seus Serviços de Acção Social, cede o usufruto das instalações desportivas, para efeitos de treino e de realização de jogos, nas competições que o Sporting Clube da Covilhã, através da sua secção de Futsal, venha a organizar e a contrapartida principal é o patrocínio nas camisolas do Sporting Clube da Covilhã e a presença publicitária no próprio estádio onde a equipa principal de Futebol de 11 compete na Liga de Honra. Isto dá visibilidade à universidade, mas também marca uma abertura da própria universidade à comunidade envolvente e que nos interessa fomentar, não só, em termos da maior ligação à cidade e a uma colectividade que tem pergaminhos em termos nacionais e é aquela que é a mais representativa de toda a faixa interior de Portugal, em termos de historial, mas em termos de títulos, e levar a uma outra conjugação de interesses, transmitindo a imagem de que a universidade tem uma orientação saudável, ligada à actividade desportiva, e é bom que os elementos da sua comunidade tenham também a possibilidade de integrar, até outras equipas, competindo nelas e que seja uma actividade que, em termos conjuntos, interesse para marcar a abertura da universidade à comunidade, mas sobretudo, para haver uma associação positiva entre a comunidade e a própria produção da imagem institucional da UBI com intervenção social.
Urbi@Orbi – Qual o balanço que faz deste primeiro ano como administrador e responsável pela Acção Social?
João Leitão – O trabalho desenvolvido no último ano foi marcado pela reorganização dos serviços, pela reflexão preparatória do regulamento orgânico dos Serviços de Acção Social, um regulamento que foi publicado e redigido atendendo já às novas regras do Acordo Ortográfico, preparou-se um documento pensado para o futuro e que obedece àquilo que tem sido o funcionamento desde Janeiro, desses serviços, que foram reorganizados em espaços físicos e deve sublinhar-se também o trabalho feito ao nível da preparação e diversificação da oferta, seja nas cantinas seja nos snacks. Há uma preocupação com a qualidade, seja no cumprimento das normas de higiene e segurança alimentar; houve também a preocupação de manter uma colaboração externa, ao nível da nutrição. É também uma preocupação de qualidade levada à prática.
Há também a implementação de duas plataformas, são dois investimentos de natureza intangível, mas extremamente importantes, como é a plataforma de compras públicas e a plataforma de gestão de bolsas e isso trouxe uma grande mudança estrutural, penso que todo este trabalho se vai reflectir na qualidade e na satisfação dos utentes nos nossos serviços.
Houve um reordenamento total ao nível da política comercial, ao nível dos recursos humanos está também a ser feito um trabalho interno de estudo de mobilidade de determinados recursos, há práticas que não estavam a ser seguidas e que agora têm vindo a ser implementadas, dou como exemplo o facto de todos os funcionários agora usarem identificação, isto para que seja transmitido um sentido de responsabilização do próprio funcionário e por outro, para que o utente dos nossos serviços possa identificar claramente a pessoa responsável pelo atendimento e prestação de serviço.
A nível da imagem interna e externa devo avançar que temos em fase avançada de implementação uma nova webpage, onde serão apresentados os Serviços de Acção Social, de acordo com a nova estrutura hierárquica e o organizacional que está prevista no regulamento orgânico. Fez-se um trabalho considerável ao nível da produção de regulamentos de utilização das residências, em três línguas – português, inglês e espanhol – já disponíveis, e o website também vai ser produzido nessas três línguas. Isto tem uma motivação clara, é atender à nossa crescente internacionalização e promover a abertura das nossas instalações à comunidade académica internacional.
Ao nível da própria imagem institucional, temos também em estado avançado, o desenvolvimento de um plano de comunicação que passará pela apresentação de um logótipo que vai expressar a nova imagem dos Serviços de Acção Social que tem uma orientação, ou seja, servir a comunidade académica da Universidade da Beira Interior, dando expressão a um novo sentido estratégico de responsabilidade social da universidade, como instrumento diferenciador para atracção e fidelização de estudantes de graduação e pós-graduação da UBI.
Urbi@Orbi – E projectos para o futuro próximo?
João Leitão – Gostaria de ver expandida a oferta de instalações desportivas, designadamente dois circuitos de manutenção. Um deles em ambiente de floresta, o outro incorporando a área circundante às residências. Gostaria de ter uma oferta direccionada para estruturas que não existem na cidade e que permitam desenvolver investigação na área do desporto e da saúde.
Há um outro projecto que é extremamente importante concretizar e felizmente começamos a ter dados que dão consistência a esse desígnio que é a construção de uma nova residência. Uma estrutura que tem como orientação o acolhimento de investigadores deslocados. Não só estudantes de doutoramento, mas sobretudo, estudantes de pós-doutoramento que começamos a receber nesta universidade. Isso é prestigiante e é um sinal da evolução claramente positiva que a universidade tem vindo a conhecer, não só nas suas actividades principais de ensino e investigação, mas também em termos da sua capacidade de receber essas individualidades que passam aqui curtos períodos de tempo, mas que devem ser tratados a um nível de excelência para que depois possam transmitir uma opinião positiva sobre os nossos recursos e capacidades.