“Práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e retorno sócio-económico de programas de salvamento patrimonial” é o tema do novo projecto de investigação, que associa as dimensões da arqueologia, da gestão do património e da economia do desenvolvimento, e que a Fundação para a Ciência e Tecnologia avaliou com “Excelente” em todos os critérios e proposto para financiamento.
Coordenado por António Carlos Valera, o projecto envolve uma vasta equipa de investigadores que vão estudar as práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo (distrito de Beja) e a construção de modelos de valorização de conhecimento produzido no âmbito de minimização de impactos sobre património arqueológico (não visitável no local ou totalmente desmantelado), procurando reunir no mesmo processo de investigação a dimensão científica do problema arqueológico e o problema da sua valorização patrimonial e disponibilização pública (entendida como retorno social e económico da actividade científica em Arqueologia).
Os contextos arqueológicos em causa resultam de intervenções de minimização realizadas em empreendimentos da Redes Energéticas Nacionais (REN) e Empresa de Desenvolvimento de Infra-estruturas de Alqueva (EDIA), as quais valorizam o projecto e estão disponíveis para nele colaborarem em termos ainda a definir.
A partir de um conjunto de oito sítios de relevância científica intervencionados no âmbito da minimização de empreendimentos, a equipa irá investigar as soluções funerárias desenvolvidas pelas comunidades do Baixo Alentejo entre o Final do Neolítico e a Idade do Bronze, na sua articulação e contrastes relativamente às práticas conhecidas nas regiões periféricas do Sudoeste Peninsular.
Estas descobertas, realizadas no âmbito da Arqueologia de Salvamento, na sua maioria foram destruídas após a minimização arqueológica e os respectivos sítios não ficarão acessíveis, pelo que a investigação e desenvolvimento de estratégias de valorização e divulgação de património arqueológico não visitável se constitui como uma vertente central, de justificação social. Trata-se, também, de uma abordagem inovadora, assente numa perspectiva de reflexividade, que procura introduzir na dinâmica de investigação científica a preocupação com as suas próprias condições sociais de actuação, contemplando diferentes dimensões do seu retorno social e económico, na óptica do desenvolvimento sustentado.