A selecção feminina de futsal universitário sagrou-se pela segunda vez consecutiva Vice-Campeã Mundial Universitária naquele que foi o 2º Campeonato do Mundo Universitário Feminino e que se realizou em Novi Sad, Sérvia, desde 22 a 29 de Agosto. Cátia Morgado esteve presente, em representação da Universidade da Beira Interior.
Cátia Morgado é atleta da AD Estação, da Covilhã, e vai na terceira época ao serviço da equipa feminina de futsal da AAUBI. Sobre a sua participação no campeonato do mundo afirma que “correu bem”, lamentando a derrota na final contra o Brasil, a selecção vice-campeã universitária e que, segundo explicou a aluna da UBI, vive uma realidade diferente. “Elas são profissionais, treinam todos os dias e participam regularmente em torneios fora do Brasil. É um mundo aparte”, confessou Cátia Morgado, que teve oportunidade de conhecer a realidade do futsal feminino nos outros países.
A selecção nacional feminina fez uma campanha irrepreensível até ao jogo decisivo, novamente contra o Brasil. Em cinco jogos, venceu quatro, sempre por diferenças de golo confortáveis, mas acabou por perder no jogo decisivo frente às brasileiras, que venceram por 9-1 e sagraram-se bi-campeãs mundiais, neste segunda edição da prova.
A aposta no futsal feminino em Portugal é alvo de reparo pela estudante. “O futsal feminino é pouco acompanhado. Devia-se começar por criar um campeonato nacional”, afirmou Cátia, explicando que havendo só provas distritais (e posteriormente a taça nacional) os campeonatos são muito desequilibrados. “Os jogos são muito fáceis ao longo do campeonato distrital. Depois, ao chegar à Taça Nacional notam-se as dificuldades devido à falta de competitividade”, explica a estudante de optometria. Um campeonato nacional seria, na óptica de Cátia Morgado, mais interessante, mesmo para o público: “Haveria mais interesse. As jogadoras iriam para os jogos com outra disponibilidade e haveria mais interesse por parte do público”.
A falta de um campeonato nacional, bem como de uma selecção nacional feminina fazem muitas jogadoras saírem do país, avisa Cátia Morgado, que admite também pensar nessa possibilidade. “Há jogadoras que desistem de lutar, por um campeonato e pela selecção, e têm ido para Espanha ou para outros países. Se continuar assim é possível que pense em sair do país”, confessa a jogadora da AD Estação.
Para a atleta da AAUBI, os últimos resultados da selecção universitária são “a prova”, de que existe qualidade para ser constituída uma selecção feminina. “Deviam investir no futsal. O resultado contra o Brasil não foi o melhor, mas demos luta e isso vem provar que nós trabalhamos, que a qualidade existe e que há talento”, afirma Cátia Morgado.
É assim que Arménio Coelho define a sua atleta da equipa universitária da UBI. “Tem uma estrutura fisiológica favorável, é muito explosiva, boa tecnicamente e finaliza muito bem”, definiu Arménio Coelho, que confessa ser “excelente”, enquanto treinador, ter uma atleta a representar o país e a universidade: “queria ter dez Cátias, mas só há uma”, brinca.
Começando a acompanha-la desde há três anos, altura em que Cátia Morgado entrou para a UBI, o treinador de futsal admite que a evolução foi grande. “Nota-se muito a evolução. Ensinamo-la a defender, pois vinha do futebol de 11. Agora é uma jogadora menos acutilante e agressiva, mas procura pensar mais o jogo e é mais jogadora em termos tácticos e de organização”, avalia Arménio Coelho. “Começou a jogar futsal na universidade, a aprender a gostar de futsal”, conta o treinador, admitindo que “o trabalho desenvolvido na universidade ajudou-a a projectar-se e a ter a oportunidade de representar o país”.
Sobre as dificuldades em vingar em Portugal, Arménio Coelho não tem dúvidas: “Ela tem condições para jogar em qualquer equipa a nível nacional, e se poder dar o salto para fora do país, tem condições para muito mais”, afirma o treinador da equipa masculina e feminina da AAUBI, que avisa no entanto que “depende de muitos factores externos à capacidade da atleta”, como treinadores, olheiros ou dirigentes.