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Queremos ser rapidamente campeões
Diogo Caldas · quarta, 25 de agosto de 2010 · O treinador da equipa masculina de futsal, Arménio Coelho, explica o que correu de mal na temporada passada, na equipa universitária número um do ranking e com mais títulos nacionais conquistados no futsal masculino. |
Treinador de futsal afirmou que se continuarem o trabalho realizado, para o ano dificilmente alguma equipa os vencerá |
21974 visitas Urbi@Orbi - O que correu de mal para que o futsal masculino não tenha estado na fase final do CNU? Arménio Coelho - São várias as razões que podemos enunciar para tentar justificar o facto de a equipa não estar presente na Fase Final do CNU 2009/10. Primeiro, e não desfazendo o trabalho realizado por todos os elementos que estavam inscritos, esta equipa nos últimos anos tem perdido jogadores que de alguma forma se têm vindo a revelar como elementos importantes e, a par da perda destes elementos, os que têm entrado, apesar da sua qualidade, ainda não revelam maturidade necessária para este nível competitivo. Outro dos factores é a nossa dificuldade de começar a trabalhar desde o inicio das aulas, ainda este ano, apesar de acharmos que o processo de captação de novos alunos / jogadores foi rápido, não foi rápido o suficiente para trabalharmos desde o primeiro dia de aulas, ou seja, numa fase inicial perdemos sempre demasiados treinos na observação de novos alunos / jogadores e esse tempo depois faz-nos muita falta para trabalhar todos os processos importantes e determinantes para o jogo. Também outro factor muito importante é o facto de não termos recursos suficientes para competir com os clubes, no sentido de podermos contar com todos os jogadores que jogam em clubes federados, nos treinos regulares da UBI. Apesar destas dificuldades, considero que poderíamos ter feito melhor, mas tal, umas vezes não foi possível e em outras não foi permitido, mas em sede própria já enunciamos as nossas dificuldades e o porquê das nossas frustrações desportivas. Urbi@Orbi - Esta equipa tinha menos qualidade do que a do ano passado, ou a de há dois anos, ou foi outro factor importante? Arménio Coelho - Se analisarmos pelos resultados desportivos, facilmente podemos chegar a essa conclusão, uma vez que estamos a falar de uma equipa que na época 2007/2008 foi campeã e na época seguinte 2008/2009 foi terceira classificada, perdendo nas meias-finais por grandes penalidades contra a equipa que viria a ser o campeão, e na final venceu tranquilamente. Se o indicador de análise for somente os resultados desportivos, é certamente mais fraca, mas não podemos ficar por aqui, estas questões têm que ser analisadas num contexto muito particular e terão de ter em consideração algumas variáveis fundamentais que certamente foram a chave para o sucesso desportivo desta equipa em épocas transactas. Relativamente à equipa que foi campeã na época 2007/2008, dois aspectos a assinalar que me parecem importantes: - primeiro, faziam parte desta equipa 4 elementos mais o treinador, que já tinham sido campeões nacionais universitários em 2005/2006 e já jogavam juntos, no mesmo clube, desde a época 2003/2004; e segundos, dos doze elementos que componham a equipa, cinco deles jogaram no mesmo clube no mesmo ano 2005/2006. Com isto, pretendo elucidar para o facto de que, parte do nosso trabalho enquanto treinadores na UBI, derivado aos antecedentes desportivos de cada um, do trabalho de qualidade que já vinham desenvolvendo no clube, juntando mais alguns jogadores, dava perfeitamente para compensar o elevado número de treinos que temos que disponibilizar no início de cada época para captação de jogadores. Relativamente à equipa que se classificou em terceiro lugar na época 2008/2009, de ressalvar que nesta equipa saíram apenas 4 elementos, dois dos quais bicampeões nacionais universitários, e um deles no ano anterior foi somente o melhor marcador no Campeonato Europeu que se realizou na Polónia, e permaneceram 8. Dos 6 alunos / jogadores que entraram apenas 2 tinham jogado Futsal até então. Contudo, fruto do trabalho de épocas anteriores, e uma vez que transitaram 8 jogadores conseguiu-se um terceiro lugar, que apesar de honroso ficamos com a sensação que podíamos ter feito algo mais e que de alguma forma fomos infelizes e não soubemos aproveitar devidamente as oportunidades. Sobre a equipa de 2009/2010, de salientar que houve 6 alunos da época transacta que já não puderam contribuir, desses 6, 4 foram campeões nacionais universitários em 2007/2008, permaneceram 8 jogadores e desses 8, 3 tinham sido campeões em 2007/2008 e um bicampeão em 2005/2006 e 2007/2008. Dos 9 elementos que entraram para a equipa, face às sucessivas alterações curriculares que têm sucedido no ensino superior, a sua postura na conjugação dos seus compromissos académicos com treinos e jogos é de alguma forma leviana e nesta fase nota-se que o desporto na UBI, em particular no Futsal, é a última prioridade e neste sentido, foram muito poucos os que fizeram esforços para acompanhar a equipa durante os treinos e jogos. Urbi@Orbi - Sendo uma equipa com qualidade, e com essa qualidade reconhecida pelas outras formações, isso influencia o desempenho da equipa? Arménio Coelho - De certa forma sim, porque sendo nós uma equipa em construção e dado o riquíssimo currículo desportivo, é normal que os novos alunos sintam a peso de vestir a camisola desta academia. Continuamos a ser a equipa com maior número de campeonatos nacionais universitários, fomos a melhor equipa, enquanto durou, da liga universitária e com isto, estamos em primeiro classificado em termos de ranking absoluto em Futsal Masculino. Urbi@Orbi - Para a próxima época, quais são as expectativas? Arménio Coelho - As expectativas são novamente elevadas, mas estamos mais conscientes do que nunca de que se não desenvolvermos, desde o primeiro treino, um trabalho de qualidade com todos os jogadores a trabalhar todos os dias juntos, iremos novamente continuar e ter muitas dificuldades. Também temos esperanças que a FADU reveja o modelo competitivo, no sentido, de este se tornar mais juntos e equitativo para todas as academias. Porque não é justo, num mesmo campeonato, estarmos a rivalizar com equipas que fazem 1/6 dos km que nós fazemos ao longo da época. Conciliar os custos financeiros, com o desgaste físico é o tempo que perdemos em deslocações, é uma tarefa nada fácil para nós. Urbi@Orbi - É necessário a entrada de novos valores ou se esta equipa se mantiver vão ser capazes de dar uma resposta positiva ao que se passou esta época? Arménio Coelho - Claro que sim, a entrada de novos jogadores com qualidade pode ser um contributo importante para a melhoria qualitativa desta equipa. Contudo, para a próxima época, muito poucos elementos vão deixar de poder competir, o que é bom porque com é mais um ano de trabalho nas pernas, temos obrigação de ter mais experiência, e com o diagnóstico do que correu mal perfeitamente identificado por todos, seriamos “kamikazes” se cometêssemos esses mesmos erros, como não o somos, e como queremos ser rapidamente campeões, tudo iremos fazer para nos auto-motivarmos todos no sentido de que, se trabalharmos novamente todos juntos somos muito mais fortes, e dificilmente alguém nos conseguirá vencer. Urbi@Orbi - Sendo a única modalidade universitária que tem um modelo competitivo como se fosse um campeonato, isso é positivo ou negativo? Que poderia mudar para melhorar a competição? Arménio Coelho - É positivo no sentido de haver uma distinção pelos resultados que a modalidade tem representado em termos universitários para a FADU, é positivo, porque é a modalidade com mais praticantes universitários e isso requer atenções adequadas à sua realidade. Contudo, veio-se a demonstrar negativo a formula que a FADU encontrou para contornar o problema do anterior modelo competitivo, isto é, se por um lado era importante mudar alguma coisa face aos problemas que estavam a acontecer com a liga (nomeadamente os encargos financeiros), por outro e não menos importante era arranjar um modelo competitivo, que não fosse igual ao das outras modalidades, mas que fosse mais ou menos justo para todas as equipas que quisessem participar no campeonato e isso não foi o que aconteceu. Quanto a mim, e já o manifestei várias vezes aos responsáveis da FADU e da AAUBI, o que deveria mudar no modelo competitivo era, abrirem-se as inscrições para todas as equipas da ZNCS que queiram participar e em função disso adequar o modelo competitivo que servisse o interesse de todos, no sentido de que, não houvesse uma disparidade tão grande de custos entre umas e outras equipas. Considerando as 8 equipas participantes durante a época 2009/10, a primeira fase seria disputada num grupo único, todos contra todos a uma volta (dado que não temos datas suficientes para a realização de duas voltas, ficávamos sujeitos ao sorteio de realizarmos 3 ou 4 jogos em casa ou fora). Os dois primeiros classificados apuravam-se directamente para a Fase Final do CNU. O terceiro e quarto classificado, uma vez que tem de haver uma fase de repescagem (para dar oportunidade às equipas das ilhas, Universidade dos Açores e Universidade da Madeira), iriam disputar essa mesma fase de repescagem no modelo que hoje já existe. Desta forma, todas as equipas na ZNCS tinham que amealhar o maior número de pontos possível para pelo menos classificarem-se nos primeiros 4 lugares. Com isto, evitávamos a falta de ética e profissionalismo de algumas equipas no sentido de encarem o último jogo da fase regular com uma enorme falta de respeito pelas equipas que ainda poderiam aspirar à qualificação para a final-four. |
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