Pouco pode existir em comum entre aviões e veículos eléctricos, além da alta tecnologia necessária para a sua construção. Mas um ponto chama a atenção: enquanto os brasileiros acumulam vasta experiência em máquinas voadoras (por sinal, uma tradição que começou com Santos-Dumont), os portugueses conseguem destaque nas energias renováveis e nos veículos eléctricos. Então, não seria natural trocar experiências? Esse caminho finalmente foi percorrido no último dia 3 de Agosto, quando a EDP inaugurou três “electropostos” em São José dos Campos, Brasil.
Com a iniciativa, a empresa portuguesa consolidou a sua liderança no apoio à mobilidade eléctrica no Brasil. Até agora, instalou 16 estações de recarga e doou 75 bicicletas eléctricas para o patrulhamento de cinco cidades da região de Vitória (no Espírito Santo), além de Guarulhos e São José dos Campos, no estado de São Paulo. A empresa também lançou um concurso nacional que vai premiar o melhor projecto sobre novas tecnologias para geração de energia limpa e sua aplicação em veículos eléctricos.
O conhecimento português na operação de veículos “amigos do ambiente” começa a ganhar destaque num momento apropriado para novos intercâmbios. Também na semana passada, o governo brasileiro anunciou que estuda uma série de medidas para incentivar a mobilidade eléctrica no país. Está prevista a redução da carga tributária dos veículos e a disponibilização de 500 milhões de reais (cerca de 200 milhões de euros) em linhas de financiamento para projetos de desenvolvimento de tecnologia nacional.
Por outro lado, de volta aos aviões, as distâncias entre São José dos Campos, Alverca e Évora ficam cada vez menores, ao mesmo tempo em que especialistas brasileiros e portugueses misturam seus sotaques e conhecimentos. Após tornar-se a maior accionista da OGMA, a Embraer anunciou, em 2008, a construção de duas unidades produtoras de componentes na cidade alentejana. Com a conclusão dos projectos, as obras deverão ser iniciadas em Novembro próximo e a produção arrancará em 2012.